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sábado, 18 de novembro de 2017

UM GRANDE ACORDO PARA O GOVERNO, MAS FRACOTE PARA OS PROFESSORES


Assinado o acordo, os professores vão ter de o aguentar, pelo menos, mais um ano ( e não apenas até 15 de Dezembro), apesar do governo não o poder garantir de todo, dado que ele pressupõe a sua efetivação lá para 2023, ou seja, final da próxima legislatura, altura em que ninguém sabe se o PS estará no governo e. portanto, a validade do acordo alcançado entre Governo e os sindicatos de professores seja pouco mais do que um processo de intenções.

No jogo de cintura entre sindicatos e Governo, os professores lá marcaram o seu golinho, mas quem saiu vencedor foi mesmo o governo. Senão vejamos:
António Costa não vai pagar mais do que tinha previsto aos professores em 2018;

A reposição salarial dos professores será feita apenas a partir de 2019 e pode prolongar-se até 2023;
O atual governo do PS apenas é obrigado a orçamentar 20% dessa reposição, pois só é responsável pelo Orçamento do 2019. E não é nada certo que esse OE passe pois as posições da esquerda vão endurecer, daqui a um ano;
Com o acordo negociado com o governo, os professores ficam sem grandes razões para grandes reivindicações salariais perante este governo;
Se, daqui a dois anos, o governo não for do PS, 80% do acordo fica por cumprir, porque PSD e CDS não se comprometeram politicamente com nenhum tipo de reposição;
O governo conseguirá entreter os professores durante todo o ano de 2018, sem se comprometer grandemente, porque só precisa de começar a pagar reposições a sério a partir de 2019. Se tiver folga orçamental para o fazer, fá-lo-á e capitalizará politicamente, se não houver realmente dinheiro para ir repondo a todos, veremos pouco mais do que «rebuçados».

A pequena-grande vitória dos professores foi o primeiro-ministro ter feito marcha atrás na contagem, para efeitos de progressão, dos nove anos e quatro meses, em que os professores estiveram congelados. António Costa queria apagar esse tempo. Cedeu, mas pouco, até porque até 2023 muitos professores irão para a reforma, sem terem sido reposicionados no escalão a que tinham direito e portanto perderão parte dos seus direitos «para sempre».
Post Scriptum: mais uma vez foram os professores a exporem-se, a ir à frente nas reclamações, entre as diversas carreiras da função pública (com a honrosa exceção dos enfermeiros), a levar com a ignorância e as críticas mal-intencionadas de gente que cresceu a odiar professores. Entretanto, outros ganharão pela calada.

GAVB   

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