António Costa disse hoje que os professores portugueses vão
ganhar dez anos de vida no início do próximo ano. Se ele tivesse realmente esse
poder, acho que poucos de nós nos importaríamos, mas por enquanto o homem que
governa Portugal ainda não tem o dom do rejuvenescimento coletivo, sobrando-lhe
por isso o de malabarista das palavras e da política.
Diz António Costa que "descongelar não é reconstruir", clara
alusão à reivindicação dos professores em serem colocados no índice remuneratório a que
teriam direito, pelos anos de serviço prestado, em tabela aprovado por governos
de Portugal e nunca revogada, apenas suspensa.
Ora, reconstruir, caro António
Costa, era pagar retroativamente o que ficou por pagar em 2005, 2006, 2007 e
depois entre 2010 e 2017. Na verdade, ninguém lhe pede isso, mas que a partir
de agora passe a pagar aos professores, tendo em conta o número de anos de serviço efetivamente
prestado à função pública.
Quer pagar-nos como se estivéssemos em 2005 ou 2010? Nós
também queríamos ter o IVA e o IRS a valores de 2005, mas não temos; o povo
português adorava ter uma taxa de 6% de IVA na eletricidade, mas não tem.
E não
nos diga que todos ficaram congelados que não é verdade, porque alguns setores públicos
passaram entre os pingos da chuva.
Não tem dinheiro suficiente para pagar o que deve? Então,
não finja que tem ou apresente soluções alternativas, que as há.
Já pensou em
trocar a dívida por títulos de dívida pública, a pagar daqui a dez anos? Já
pensou em antecipar em 5 anos a idade de reforma a quem nega 10 anos de
carreira? Quando estamos na política, empenhados em ser justos e sérios com todos
e não apenas com alguns, há sempre soluções, ainda que estas não consigam reparar
todo o mal feito, porque hoje, todos nós já percebemos que não foram os
funcionários públicos os pais e as mães da crise que o país atravessou.
GAVB
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