Estreou hoje nas salas de cinema portuguesas “O Homem do
Coração de Ferro", filme de realizador francês Cédric Jimenez, que bem podia
chamar-se O Carniceiro de Praga,
cognome de Reinhard Heydrich.
Sob o ponto de vista puramente cinematográfico, o cineasta
francês tinha condições para fazer melhor, pois ao seu dispor estavam atores da
estirpe de Jason Clarke, o australiano que fez de Heuydrich, a bela Rosamund Pike
(encarna o importante papel de mulher de Heydrich, começando muito bem, mas
vai-se apagando com o decorrer do filme, o que é uma pena, pois o seu potencial
é inegável), e os promissores Jack Renoir e Jack O´Connell, que vestiram a pele
dos dois membros da resistência checa encarregues de assassinar o Carniceiro de
Praga.
A grande força do filme está na personalidade hipnótica,
desumana, cruel, assustadora de Heydrich, a quem o cognome de «carniceiro»
assenta que nem uma luva.
Mais do que a resolução dos jovens checos em assassinarem
um dos maiores ícones dos criminosos nazis, o que releva nesta película do
Jimenez é a assustadora determinação do alemão em concretizar um plano de
destruição total dos judeus (é de Heydrich e Müller a “Solução Final”, plano de
assassínio em massa dos judeus, através dos campos de concentração e das
câmaras de gás).
O filme começa com a cena decisiva – o momento do atentado,
que ocorreu a 27 de maio de 1942, embora o alemão só venha a falecer uma semana
depois.
Depois a película de Jimenez revela todo o percurso de ascensão de Reinhard Heydrich, desde o momento em que se casou com um dos membros do partido nazi
até à altura em que se tornou numa figura incontornável dentro da elite nazi.
No início nota-se
a influência da mulher na sua personalidade, mas rapidamente a criatura
ultrapassou o criador e até a sua mulher lhe ganha medo.
“O Homem do Coração de Ferro” mostra ao detalhe uma época,
onde a disciplina alemã, o seu rigor e método estiveram ao serviço do mal.
Apesar de só agora chegar a Portugal, o filme já circulava
pelas salas de cinema europeias há alguns meses. Entrou em Portugal agora para
não coincidir com “Anthropoid”, de Sean Ellis, também focada no mesmo tema, mas
o sucesso deste foi mínimo. Espera-se que o filme protagonizado por Jason Clarke tenha melhor sorte, até porque parece-me que este tem o condão de nos pôr a
pensar até onde pode ir o ímpeto da alma humana quando se trata de ser…
desumana.
GAVB
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