Ao que parece o governo de
Portugal acha necessário assinalar com pompa e circunstância dois anos de
existência, como se isso fosse um verdadeiro acontecimento. Não é, a não ser
que até os seus membros achassem, como Pedro Passo Coelho pensava, que é um
verdadeiro milagre aguentarem-se ainda em funções. A passagem do tempo, em
governação ou numa qualquer atividade executiva, nada diz sobre a qualidade da
mesma.
Por outro
lado, a ideia peregrina de convidar (pagando) pessoas escolhidas a dedo para
simularem umas perguntas de ocasião aos vários ministros do Governo é ridícula,
tonta, contraproducente, quer sob o ponto de vista mediático quer sob o ponto
de vista político.
Ao ser descoberto
o esquema de questionamento dos cidadãos ao Governo, este ficou numa posição
frágil e risível, além da iniciativa ficar automaticamente desacreditada e
ensombrada. Que valor terão aquelas perguntas, sabendo a população, que as
pessoas que as fizeram foram pagas para tal? E que lá vão fazer os jornalistas,
senão assistir a uma peça de teatro de baixa qualidade?
Politicamente
é ainda mais desastroso, pois dá a ideia de um governo que só sabe marcar
autogolos, que perde tempo com futilidades e não sabe corrigir até os erros
mais básicos.
A não ser que os
portugueses andem muitos distraídos, todos os benefícios propagandísticos deste
evento já foram infrutíferos.
Se o Governo
queria mesmo saber o que povo tinha para lhe dizer tinha três meios fáceis de o
fazer.
- Enviava todos os ministros ao Parlamento e
disponibilizava-se a responder a todas as questões que os deputados lhe endereçassem,
de uma maneira simples e objetiva, sem remoques nem piadas;
- disponibilizava todos os seus ministros para entrevistas
alargadas nas várias televisões, rádios e jornais, de maior audiência, e
sujeitava-se às perguntas, sem condições prévias ou questões tabu;
- abria a Assembleia da República ao povo e permitia que o
cidadão comum, sentado no lugar dos deputados, perguntasse, com urbanidade, o
que entendesse.
Se, pelo contrário, querem aproveitar os media, as redes sociais,
a pseudo liberdade que outorgam aos cidadãos de os questionar, para fazer
propaganda de baixa qualidade, então, o melhor era terem dedicado o
fim-de-semana à família.
Nós, cidadãos, não somos nenhuns figurantes da democracia e
o mais certo é que estes almoços grátis acabem por ficarem caros aos figurões
que nos querem fazer passar por figurinhas do regime.
P.S. Num ano em que morreram dezenas de portugueses por causa da má abordagem governamental ao flagelo dos fogos é de péssimo gosto qualquer evento comemorativo.
GAVB
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