Quase quinze mil sauditas pediram ao rei Salman o fim do
sistema de tutela das mulheres, que as obriga a pedir autorização a um homem para estudar,
casar, trabalhar ou sair do país.
Na Arábia Saudita as mulheres não são tratadas como cidadãs de
pleno direito, submetendo-se por completo a leis indignas que as aproximam
muito mais da escravidão do que da cidadania.
Num dos países mais ricos e influentes do mundo, as
mulheres estão proibidas de conduzir e têm sempre de ter um elemento masculino (pai, irmão, marido, tio) que as tutele, para realizar coisas tão simples como
exercer uma profissão, viajar, frequentar uma escola.
A petição, que ainda não foi aceite pelo rei, pede coisas
elementares, mas que para as mulheres sauditas serão grandes conquistas. Também
seriam para qualquer mulher de outra nacionalidade, porque qualquer dos
elementos que definem a dignidade humana é essencial.
Estas quinze mil pessoas que tiveram a coragem de assinar
esta petição querem continuar a dar força a uma lenta mudança de mentalidades
naquele país do médio oriente. Em 2011, as mulheres sauditas puderam votar pela
primeira vez em eleições municipais. Agora, com esta petição, esperam que o rei
comece por definir a partir de que idade a mulher é considerada adulta e, por
consequência, responsável pelos seus atos.
Será uma luta longa, porque a mentalidade machista do mundo
árabe é das ervas daninhas mais resistente da humanidade, mas uma luta a que
outros povos se podem associar, tornando o sofrimento e humilhação destas
muçulmanas o mais breve possível. As opiniões públicas dos países mais
poderosos têm a obrigação de pressionar os seus governos a não negociar com os
dirigentes sauditas. Bem sei que a Arábia Saudita é um dos maiores produtores
de petróleo a nível mundial, um país riquíssimo, capaz de aguentar um embargo
por longo tempo, mas a força de um país como os EUA, por exemplo, também se
mede na forma como lida com ditadores deste calibre.
Agora que estamos em campanha eleitoral para as eleições
presidenciais americanas, seria bom que a senhora Clinton dissesse qual será a
sua posição política, como possível próxima presidente dos EUA, se a Arábia
Saudita continuar a tratar as mulheres como cidadãs de segunda, na absoluta
dependência dos apetites dos homens.
Gabriel Vilas Boas
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