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sábado, 10 de setembro de 2016

UM BAIRRO ALEGRE E MUITO CHIQUE


Perto de Aveiro, na margem do rio Boco, José Ferreira Pinto Basto instalou a mais famosa fábrica de porcelanas portuguesa: a Vista Alegre.
Em 1824, Pinto Basto mandou construir, em volta da fábrica de porcelanas, um conjunto de edifícios habitacionais e outros, com o intuito de instalar os operários fabris e respetivas famílias.
Visionário e profundamente humanista, Pinto Bastos mandou construir um bairro de raiz para os seus empregados, com todas as valências: uma escola primária, um posto de saúde, um campo de futebol, um corpo de bombeiros, uma capela, um teatro.

O fundador da Vista Alegre criava em Ílhavo um autêntico protótipo de cidade, onde os seus trabalhadores podiam viver alegremente. Além de ser um homem de visão e um empreendedor, Pinto Basto era muito bem visto pelos seus empregados o que fazia com que ninguém quisesse deixar de ser seu empregado e muito almejassem esse estatuto.
Durante décadas, a Vista Alegre consolidou-se como empresa e marca de excelência, representando o país na arte da faiança. Como qualquer outra empresa atravessou bons e maus ciclos económicos, mas dois séculos volvidos após a fundação o Bairro Vista Alegre continua de pé. Não já para albergar trabalhadores, mas como espaço de memória de um Portugal que existiu.

No começo deste século, o grupo hoteleiro Montebelo associou-se à Vista Alegre  para criar um hotel de cinco estrelas – o Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel. Mais de oitenta quartos , espalhados por três pisos, cuja decoração tem a história da Vista Alegre incorporada na área moderna, já que a parte clássica do hotel (com dez quartos) ficou instalada no antigo palácio, que servia de residência à família Pinto Basto.
Todos os espaços sociais do Bairro Vista Alegre foram aproveitados pelo projeto hoteleiro, mas estão igualmente disponíveis para o grande público. Quem se instalar neste luxuoso hotel de Ílhavo pode fazer uma visita guiada pelo antigo bairro dos trabalhadores; visitar a fábrica, onde conhecerá todas as fases de produção das peças Vista Alegre, com destaque para a pintura manual; conhecer o centenário museu da Vista Alegre, com mais de trinta mil peças; fazer compras numa das três lojas do resort ou visitar a capela de Nossa Senhora da Penha de França, que acolhe milhares de pessoas no primeiro domingo de Julho, para celebrar a festa em honra da santa.
Falta falar do teatro. Criado em 1826 para entreter os familiares dos funcionários da fábrica e proporcionar-lhe momentos de lazer, descontração e cultura, o Teatro da Vista Alegre foi objeto de grandes obras de melhoramento e voltou a receber espectadores. Hoje está integrado na rede de centros culturais de Ílhavo e começa a ter uma programação regular de dança, música e teatro.
Hoje, quem vai visitar a Fábrica da Vista Alegre pode e deve demorar-se mais do que um par de horas. Há um bairro cheio de história e de arte, onde se pode ver teatro, fazer comprar, dormir e passear.

Gavb

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