Perto de Aveiro, na margem do rio Boco, José Ferreira Pinto
Basto instalou a mais famosa fábrica de porcelanas portuguesa: a Vista Alegre.
Em 1824, Pinto Basto mandou construir, em volta da fábrica
de porcelanas, um conjunto de edifícios habitacionais e outros, com o intuito
de instalar os operários fabris e respetivas famílias.
Visionário e profundamente humanista, Pinto Bastos mandou
construir um bairro de raiz para os seus empregados, com todas as valências:
uma escola primária, um posto de saúde, um campo de futebol, um corpo de bombeiros,
uma capela, um teatro.
O fundador da Vista Alegre criava em Ílhavo um autêntico
protótipo de cidade, onde os seus trabalhadores podiam viver alegremente. Além de
ser um homem de visão e um empreendedor, Pinto Basto era muito bem visto pelos
seus empregados o que fazia com que ninguém quisesse deixar de ser seu
empregado e muito almejassem esse estatuto.
Durante décadas, a Vista Alegre consolidou-se como empresa
e marca de excelência, representando o país na arte da faiança. Como qualquer
outra empresa atravessou bons e maus ciclos económicos, mas dois séculos
volvidos após a fundação o Bairro Vista
Alegre continua de pé. Não já para albergar trabalhadores, mas como espaço
de memória de um Portugal que existiu.
No começo deste século, o grupo hoteleiro Montebelo associou-se à Vista Alegre para criar um hotel de cinco estrelas – o Montebelo
Vista Alegre Ílhavo Hotel. Mais de oitenta quartos , espalhados por três pisos,
cuja decoração tem a história da Vista Alegre incorporada na área moderna, já
que a parte clássica do hotel (com dez quartos) ficou instalada no antigo
palácio, que servia de residência à família Pinto Basto.
Todos os espaços sociais do Bairro Vista Alegre foram aproveitados pelo projeto hoteleiro, mas
estão igualmente disponíveis para o grande público. Quem se instalar neste
luxuoso hotel de Ílhavo pode fazer uma visita guiada pelo antigo bairro dos trabalhadores;
visitar a fábrica, onde conhecerá todas as fases de produção das peças Vista
Alegre, com destaque para a pintura manual; conhecer o centenário museu da
Vista Alegre, com mais de trinta mil peças; fazer compras numa das três lojas
do resort ou visitar a capela de Nossa Senhora da Penha de França, que acolhe
milhares de pessoas no primeiro domingo de Julho, para celebrar a festa em
honra da santa.
Falta falar do teatro. Criado em 1826 para entreter os
familiares dos funcionários da fábrica e proporcionar-lhe momentos de lazer,
descontração e cultura, o Teatro da Vista Alegre foi objeto de grandes obras de
melhoramento e voltou a receber espectadores. Hoje está integrado na rede de
centros culturais de Ílhavo e começa a ter uma programação regular de dança,
música e teatro.
Hoje, quem vai visitar a Fábrica da Vista Alegre pode e
deve demorar-se mais do que um par de horas. Há um bairro cheio de história e
de arte, onde se pode ver teatro, fazer comprar, dormir e passear.
Gavb
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