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sábado, 24 de setembro de 2016

SE O ALUNO É ESPECIAL, NÃO PODE SER TRATADO COMO UM CASO NORMAL


Não sã os professores que “inventam” alunos com Necessidades Educativas Especiais, pois a avaliação depende também de um relatório do psicólogo e de outro de um pedopsiquiatra; não são os encarregados de educação que procuram este estatuto para os seus educandos, pois sabem bem quanto estigma transporta, mas é o Ministério da Educação que viola as suas próprias regras, ao colocar mais de dois alunos com NEE, por turma de vinte alunos (pegando, no meu caso particular: sou DT de uma turma com cinco alunos com NEE e só ao fim de três anos atingimos os vinte alunos por turma. O número foi sempre maior!), ou então coloca um aluno com NEE em turmas de 25/26 alunos.

Os alunos com NEE representam mais de 7% da população escolar. Precisam de um acompanhamento sistemático, de grande amplitude e exigente coordenação. Precisam de professores, técnicos, terapeutas, psicólogos, pedopsiquiatras, auxiliares de ação educativa. Não precisam que os enjaulem numa sala sem condições e os ponham a ver televisão, a fazer sempre os mesmo jogos infantis, a terem passagens administrativas até ao fim da escolaridade obrigatória para calar a revolta dos pais.
Claro que os alunos com NEE custam mais dinheiro que os outros. No entanto, ao contrário do dinheiro gasto com bancos falidos, é um dinheiro muito bem gasto, pois cada criança com NEE, alvo de uma educação especial correta, será um cidadão mais completo, confiante e capaz. E é nisso que a sociedade deve gastar o seu dinheiro.

Não é apenas o Ministério da Educação que tem de abrir os cordões à bolsa e investir planeadamente em recursos humanos (sobretudo) e materiais para estas crianças. Alguns diretores escolares (sobretudo ao nível do ensino secundário) tem de abrir a mente e as suas escolas a estes alunos. Conheço escolas secundárias que sempre desprezaram este tipo de alunos, procurando encaminhá-los para a Cerci mais próxima, para as escolas profissionais ou inseri-los rapidamente no mundo do trabalho. Conheço professores Educação Especial que têm tanto receio que os seus alunos de 14/15 anos sejam “abandonados” na escola secundária da sua cidade ou vila, que sugerem que eles não transitem de ano para poder continuar a trabalhar com eles, dando-lhes progressivamente as ferramentas necessárias para transitarem para a vida ativa minimamente preparados.
Os alunos com necessidades educativas especiais não são uns coitadinhos nem precisam de caridadezinha educativa. Precisam que se cumpra a lei e lhes seja dado aquilo a que têm direito. Quem não for capaz disso, não serve para exercer o cargo para que foi eleito ou escolhido, seja ele ministro, diretor ou coordenador.

Gabriel Vilas Boas

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