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domingo, 25 de setembro de 2016

WHITE LIES


Quando apresentou a sua música à plateia, Rita Redshoes definiu White Lies como “aquelas mentirinhas aparentemente sem importância, que vão corroendo lentamente uma relação”. Fez-se silêncio na sala e cada um absorveu aquele pequeno soco como pôde até que os acordes da música e a voz de Rita preencheram o silêncio constrangedor.
Ontem, quando ocasionalmente voltei a ouvir o tema não pude deixar de pensar quanto nefastas podem ser essas white lies, a partir do momento em que se descobre essas mentirinhas do outro. Instala-se o vírus da dúvida, destruindo o que de mais importante tem uma relação: a confiança.
Há várias razões para um e outro ceder a uma patranha de ocasião: não mostrar as suas fraquezas, encontrar pequenas desculpas para falhar compromissos, receio do que o outro possa fazer com tanta transparência… Mais do que uma estratégia é uma defesa que cada um arranja para não mostrar o seu lado menos bonito.

No entanto, quando as relações avançam e procuram consolidar-se, ou as white lies acabam ou elas acabam com as relações. Não há muita volta a dar! Uma white lie é facilmente reconhecível e cai ao primeiro ou segundo teste de stresse.
Bem pior que uma “mentirinha desnecessária” é a desconfiança, a mágoa e a tristeza que se instala. Baixa a consideração e aumenta a exigência. Quando nos damos conta da devastação causada e da trabalheira que dará remendar tantos estragos, vamos concluir que seria melhor ter confessado que estávamos zangados e não com dor de cabeça ou trabalho atrasado; que nos apeteceu ficar nos copos com os amigos e não ficámos a cumprir horas extras no emprego; que nos deu uma súbita vontade de ver lojas de roupa e sapatarias em vez de irmos ao supermercado.
Dizer “não” a uma white lie pode custar um pouco, mas é um esforço ao alcance de todos; remendar uma darktrue pode ficar rapidamente fora do nosso controlo.

Gabriel Vilas Boas


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