Desapegar-se! De objetos, de coisas, de ideias, de pessoas,
de sentimentos negativos ou mesquinhos – como é difícil! Normalmente, só aprendemos
a desapegarmo-nos de algo ou de alguém quando o perdemos definitivamente.
Este sentimento de posse, que muitos confundem com amor,
radica no medo. Medo de perder amigos, medo de perder segurança material, medo
de perder importância social, medo de perder afetos, medo de… medo, medo e mais
medo!
Há muitas pessoas que nunca se conseguiram separar dos
brinquedos da infância, que podiam ter feito muitas outras crianças felizes,
por medo de perder as memórias ternas desse tempo de luz, mas as bonecas na
prateleira apenas lhes arrancam um sorriso baço e triste de todas as vezes que
as miram.
Muitos escritórios estão cheios de livros velhos, carregados
de pó que nunca foram abertos uma única vez, servindo apenas para pretextar um
falso conhecimento ou decorar o espaço. Quem ama o conhecimento não o aprisiona
e quer que ele chegue ao maior número de pessoas possível. Não tem medo que
alguém faça melhor uso dele, não tem medo de ser ultrapassado.
Quantas pessoas não conhecemos que nunca saíram da sua
cidade, do seu «ninho», tentando ser felizes noutro lugar, unicamente por medo?
Conheço muita gente vive uma vida de dificuldades apenas porque nunca foi capaz
de sair da sua zona de conforto ou que ela pensa ser a sua zona de conforto.
Falta ainda falar do pior dos apegos: o apego a sentimentos
menores, sejam eles a posse, a vingança, o ódio, a descrença em si. O problema
continua a ser o medo. O medo de falhar, o medo de ficar sozinho, o medo de dar
uma imagem de fraqueza, o medo de perder.
O desapego melhora imenso a vida de cada um.
O desapego não
é desistir de algo ou de alguém, mas amá-lo tanto que lhe permitimos a
liberdade de voar e nos permitimos a liberdade de arriscar Ser além de objetos,
de sítios e de pessoas.
Desapegar-se é difícil e envolve riscos e coragem, mas costuma
criar seres bem mais felizes.
Gabriel Vilas Boas
Falas bem.
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