Um estudo europeu recentemente
revelado refere que os portugueses, como a generalidade dos europeus, preferem
o uso do carro próprio em detrimento dos transportes públicos, para se
deslocarem para os seus afazeres pessoais e profissionais. E esta preferência é
esmagadora. Cerca de 70% prefere o carro e ponto final. Só 7,8% refere os
transportes públicos como meio de transporte prioritário.
Perante estes dados,
percebe-se melhor porque afundam economicamente as empresas de transportes
públicos e são pouco viáveis em termos económicos. Metro, comboio, autocarros, elétrico,
barcos… mas a maioria prefere o carro.
Muitos dirão que os horários são
desfasados das necessidades, que a oferta é pouca em determinadas regiões, mas
acho que o problema é essencialmente de mentalidade. Durante anos habituámo-nos
a usar o carro porque não tínhamos alternativa e também porque nos dava mais
jeito. Entretanto foram criadas alternativas ao nível do transporte público,
mas o hábito e o comodismo estavam criados. Podem subir as portagens, pode subir
o preço dos combustíveis e o estacionamento nas cidades atingir preços elevados
que continuamos a preferir levar o carro, preferencialmente até à porta do
café, da loja ou do local de emprego.
Há muito tempo que a maioria
já não faz conta ao custo/benefício entre o uso do transporte público o
transporte pessoal. O carro permite sempre pequenos desvios, uma ida ao
supermercado, um percurso alternativo, um regresso tardio… O carro permite-nos
ser desorganizados e chegar a horas!
O problema é que esta
mentalidade que nasceu e cresceu de uma necessidade está a destruir todos os
investimentos feitos em transportes públicos, continua a poluir o ambiente e
torna-nos muito mais sedentários do que aquilo que deveríamos ser. Os poucos
metros que teríamos de fazer até à paragem do autocarro ou estação do metro/comboio
eram um ótimo exercício físico que deixamos de fazer. Fazia bem ao corpo e ao
espírito que precisa de descomprimir das tensões e preocupações diárias do
trabalho.
Usar o carro nem sempre é uma
necessidade imperiosa. Muitas vezes é apenas um pequeno vício a que já não
somos capazes de resistir.
Gabriel Vilas Boas
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