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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O MEU CARRO DÁ MAIS JEITO


Um estudo europeu recentemente revelado refere que os portugueses, como a generalidade dos europeus, preferem o uso do carro próprio em detrimento dos transportes públicos, para se deslocarem para os seus afazeres pessoais e profissionais. E esta preferência é esmagadora. Cerca de 70% prefere o carro e ponto final. Só 7,8% refere os transportes públicos como meio de transporte prioritário.
Perante estes dados, percebe-se melhor porque afundam economicamente as empresas de transportes públicos e são pouco viáveis em termos económicos. Metro, comboio, autocarros, elétrico, barcos… mas a maioria prefere o carro.

Muitos dirão que os horários são desfasados das necessidades, que a oferta é pouca em determinadas regiões, mas acho que o problema é essencialmente de mentalidade. Durante anos habituámo-nos a usar o carro porque não tínhamos alternativa e também porque nos dava mais jeito. Entretanto foram criadas alternativas ao nível do transporte público, mas o hábito e o comodismo estavam criados. Podem subir as portagens, pode subir o preço dos combustíveis e o estacionamento nas cidades atingir preços elevados que continuamos a preferir levar o carro, preferencialmente até à porta do café, da loja ou do local de emprego.
Há muito tempo que a maioria já não faz conta ao custo/benefício entre o uso do transporte público o transporte pessoal. O carro permite sempre pequenos desvios, uma ida ao supermercado, um percurso alternativo, um regresso tardio… O carro permite-nos ser desorganizados e chegar a horas!

O problema é que esta mentalidade que nasceu e cresceu de uma necessidade está a destruir todos os investimentos feitos em transportes públicos, continua a poluir o ambiente e torna-nos muito mais sedentários do que aquilo que deveríamos ser. Os poucos metros que teríamos de fazer até à paragem do autocarro ou estação do metro/comboio eram um ótimo exercício físico que deixamos de fazer. Fazia bem ao corpo e ao espírito que precisa de descomprimir das tensões e preocupações diárias do trabalho.
Usar o carro nem sempre é uma necessidade imperiosa. Muitas vezes é apenas um pequeno vício a que já não somos capazes de resistir.

Gabriel Vilas Boas

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