Uma recente notícia do periódico espanhol El Mundo conta que os pais de uma
menina espanhola vão ter de pagar uma multa de 1440 euros pela falta de
assiduidade recorrente da sua filha entre 2007 e 2014.
O tribunal de Palma de
Maiorca considerou que aqueles “pais” incorreram em dois crimes: desobediência
(tinha sido alertados pela escola para a falta de assiduidade da sua filha e
nada fizeram para reverter a situação, apesar de estarem obrigados a mandar a menina à escola) e abandono (a criança ficou abandonada à sua sorte, fazendo
o que muito bem lhe apeteceu sem ter maturidade para tal).
Quem lida constantemente com alunos poucos assíduos e
encarregados de educação que se demitem da sua função, já pensou muitas vezes,
em desespero, nesta medida.
Como exemplo, como sinal das autoridades
judiciárias ao pouco caso que muitos pais fazem dos seus filhos, parece-me uma
medida bem aplicada, mas não replicável muitas vezes.
A maioria destes pais não quer saber dos filhos, não
reconhece importância à Escola e costuma desafiar a Justiça. Por norma, os seus
rendimentos não vêm do trabalho, mas de ajudas de familiares, de amigos ou do Estado.
Vivem em casas camarárias e aquilo que os filhos comem, calçam ou vestem provém
da caridade pública ou do apoio social do Estado. Como esse apoio está cotado por parâmetros
de sobrevivência, não é possível retirar-lhe qualquer fatia relevante para
pagar uma multa deste calibre.
Apesar de não se conseguir cobrar a multa, a medida faz sentido
e tem eficácia, pois funciona como efeito dissuasor para outros pais/encarregados
de educação negligentes., já que estes pais têm receio que o subsidiozinho que recebem fique em perigo.
Saber que o Estado está atento e pode atuar sobre o
seu pobre pecúlio talvez produza mais efeito do que dezenas de discursos do
Diretor da Escola ou da Assistente Social.
A educação dos filhos continuará a
não lhes interessar nada, a não ser que o seu maço de cigarros fique em perigo
ou não haja dinheiro para uns copos na taberna.
Gabriel Vilas Boas
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