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domingo, 18 de setembro de 2016

E SE O MIÚDO QUE FOSTE ESTIVESSE A OLHAR PARA O GRAÚDO EM QUE TE TORNASTE?


Que estaria ele a sentir? Desilusão? Raiva? Vergonha? Ou então, respeito? Orgulho? Compreensão?
Não falo dos sonhos nem das circunstâncias que um adolescente não avalia, mas daquilo que dependeu de ti e só de ti. Como te sentirias se tivesses de o enfrentar? Como lhe explicarias os falhanços que só dependeram de ti, as cobardias, as oportunidades perdidas?

Se o sentisses na plateia do filme que realizas e protagonizas, ganharias finalmente vergonha ou coragem ou arranjarias mais uma desculpa? Representarias melhor ou viverias melhor?

É verdade que o puto era utópico e vivia num mundo fácil, onde as contrariedades eram só palavras. É certo que tentaste, que fizeste algo de importante e venceste algumas batalhas, mas estás tranquilo com a forma como as conseguiste?
Não é possível escrever uma história perfeita nem viver a vida fabulosa, própria dos sonhos, mas é possível contar uma história digna, de superação, de várias vitórias e algumas derrotas, onde em cada virar de página te mantiveste íntegro, corajoso, apaixonado, determinado. 
Talvez tenhas desembarcado numa ilha desconhecida e nunca sonhada, talvez sejas apenas personagem figurante de uma história maior, mas podes ficar sempre com o orgulho de ser protagonista da tua própria história.

Ou então, não olhas o puto nos olhos, gaguejas, desdobraste-te em desculpas esfarrapadas que até uma criança topa e segues alegremente essa rota enganada. 
O puto que foste nunca mais te incomodará, é certo. 
Daqui a trinta ou quarenta anos apenas te cruzarás com o avô dele. Dar-te-á os parabéns ou dirá que foste um grande burro, mas não haverá segunda oportunidade.

Gabriel Vilas Boas

1 comentário:

  1. A minha conversa seria deveras interessante. Porque não seria uma desilusão. Mas isso dá-me cá uma trabalheira e chatice!!!!

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