Que estaria ele a sentir? Desilusão? Raiva? Vergonha? Ou
então, respeito? Orgulho? Compreensão?
Não falo dos sonhos nem das circunstâncias que um
adolescente não avalia, mas daquilo que dependeu de ti e só de ti. Como te
sentirias se tivesses de o enfrentar? Como lhe explicarias os falhanços que só
dependeram de ti, as cobardias, as oportunidades perdidas?
Se o sentisses na plateia do filme que realizas e
protagonizas, ganharias finalmente vergonha ou coragem ou arranjarias mais uma
desculpa? Representarias melhor ou viverias melhor?
É verdade que o puto era utópico e vivia num mundo fácil,
onde as contrariedades eram só palavras. É certo que tentaste, que fizeste algo
de importante e venceste algumas batalhas, mas estás tranquilo com a forma como
as conseguiste?
Não é possível escrever uma história perfeita nem viver a
vida fabulosa, própria dos sonhos, mas é possível contar uma história digna, de
superação, de várias vitórias e algumas derrotas, onde em cada virar de página
te mantiveste íntegro, corajoso, apaixonado, determinado.
Talvez tenhas desembarcado numa ilha desconhecida e nunca sonhada, talvez sejas apenas personagem
figurante de uma história maior, mas podes ficar sempre com o orgulho de ser
protagonista da tua própria história.
Ou então, não olhas o puto nos olhos, gaguejas,
desdobraste-te em desculpas esfarrapadas que até uma criança topa e segues
alegremente essa rota enganada.
O puto que foste nunca mais te incomodará, é
certo.
Daqui a trinta ou quarenta anos apenas te cruzarás com o avô dele.
Dar-te-á os parabéns ou dirá que foste um grande burro, mas não haverá segunda
oportunidade.
Gabriel Vilas Boas
A minha conversa seria deveras interessante. Porque não seria uma desilusão. Mas isso dá-me cá uma trabalheira e chatice!!!!
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