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domingo, 11 de setembro de 2016

SADNESS, OH THE SADNESS


Numa das suas músicas mais conseguidas, a sueca LYkke Lee proclama, com uma voz triste e doce, Sadness is a blessing. É muito difícil concordar com ela, ainda que a música seja realmente boa. No entanto, há algo de verdadeiro naquele verso triste da canção da sueca: a tristeza devolve-nos clareza de raciocínio perante a realidade.
Ficam mais percetíveis os erros assim como a força e a fraqueza de determinados sentimentos; a relevância de cada amigo torna-se mais precisa; a importância de pequenos objetos ou a dependência de um hábito ficam bem visíveis. O nosso mundo fica a preto e branco e com uma nitidez brutal.
De tão real e verdadeira, parece-nos que a fotografia obtida é definitiva. É a parte em que a tristeza se entrega facilmente nos braços da desistência e se consolam mutuamente.
Ainda que a foto obtida seja cruelmente verdadeira, ainda que não nos apeteça perseguir a mesma ou outra ilusão, a tristeza ainda não consegue fotografar o futuro.
Pode ter sido uma bênção ao colocar-nos os óculos corretamente, mostrando-nos que as cores do nosso quadro não tinham nem o brilho nem a intensidade que supúnhamos, mas a verdade é que a nossa vida não pode passar sem uma tela cheia de cor e de vida.
Talvez hoje ou amanhã ainda não seja possível pegar nos pincéis; provavelmente as cores disponíveis na paleta do momento ainda não terão a força suficiente para nos reerguer de imediato; no entanto, é imperativo voltarmos a acreditar no arco-íris que nos encantou e… desencantou.
Lykke Lee canta “Sadness is a pearl” – só na medida em que nos permite recomeçar, com mais lucidez, com mais verdade, com mais paixão pela Vida.
Gabriel Vilas Boas 

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