O ano escolar começou
aparentemente na maior das normalidades. Os professores foram colocados a tempo
e horas (coisa muito difícil), não há grandes registos de obras por concluir nas
escolas, até porque as do parque escolar ainda estão por pagar (e as
construtoras não estão para se meter em mais assados), mas faltam muitos funcionários
nas escolas públicas portuguesas. E sem eles as escolas não funcionam ou pelo
menos não funcionam com a segurança que deviam ter.
Os funcionários são uma
espécie de parente pobre das escolas portuguesas. Recebem salários baixos, são
em número claramente inferior ao recomendado, raramente vêem as suas
reivindicações atendidas por mais justas que sejam, não vêem o seu trabalho
reconhecido pela comunidade educativa e pelos pais, têm péssima imprensa, pois
não há televisão, jornal ou rádio que dê palco mediático aos seus problemas.
Cresce a indisciplina na
escola e os casos de violência e todos se lembram quanto sofrem os professores,
pois estes fazem questão de o lembrar à sociedade, mas ninguém procura saber
quanto sofre um assistente operacional, que todos os dias tem de controlar o
bom e o mau humor de uma juventude inquieta e, por vezes, malcriada.
Não chegam
a três mil os funcionários das escolas públicas portuguesas que asseguram o ensino
obrigatório. O número é manifestamente inferior às necessidades, mas a resposta
do Ministério da Educação parece ir pelo mesmo caminho da do anterior: contratar
gente sem qualificação para o cargo, recrutando tarefeiros nos centros de
emprego, por um período de 9/10 meses. Não interessa ao Ministério da Educação
apostar em gente qualificado para tomar conta das nossas crianças e jovens?
Acham que serve qualquer tipo de pessoa ou personalidade? Não serve!
Como não serve anunciar prorrogação de contratos à pressa
no final de Agosto de modo a evitar o caos no início do ano letivo. Não serve
prometer umas tarefeiras “lá para o final de Setembro” para fazer trabalho
essencial que tem de ser assegurando com muito sacrifício por aqueles que já
são do quadro.
O trabalho dos funcionários da escola é tão digno e
importante como o dos professores. Dignificar a Escola Pública é dignificar o
trabalho de todos o que nela trabalham, sem exceções.
Gabriel Vilas Boas.
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