Aumentar as pensões de um idoso em menos de 50 cêntimos não
é um aumento, não é um ato de caridade, é um gozo, um insulto a todos aqueles
que recebem reformas tão baixas que os medicamentos receitados pelo médico
ficam na farmácia e as refeições tomam-nas pela metade.
Segundo notícias de hoje, o governo prepara-se para aumentar
os pensionistas portugueses entre 0,41 cêntimos e 2,45 euros, o que corresponde
a um aumento de 0,4% nas reformas até 628 euros, porque as outras não terão
aumento nenhum.
Há alguns meses o PCP e o BE diziam, com razão, que os mais
desfavorecidos não precisavam da caridadezinha do governo de direita, que
perdoava milhões aos banqueiros e oferecia esmolas aos mais pobres. Ora 40
cêntimos não é uma esmola, mas é suficientemente pérfido para ferir a dignidade
de quem recebe tal aumento.
Que dirá Jerónimo de Sousa a uma idosa que o
confronte com tal afronta? Que dirá Catarina Martins quando lhe pedirem para comparar o
aumento das pensões com a injeção de capital da CGD?
“Ser forte com os fracos e fraco com os fortes” era a
costumeira acusação do BE e PCP aos governos de centro-direita e todos lhe
reconheciam razão, mas este silêncio cúmplice, esta aceitação tácita de um
insulto evitável é pior.
Um governo não pode enviar um cheque de 40 cêntimos numa
carta que custa 60 cêntimos, porque estamos a falar de pessoas e não de
robots. Lidamos com emoções, com sentimentos, com valores éticos e não com um
número qualquer.
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