Em surdina, no meio judicial, não se fala
de outra coisa: Ricardo Salgadinho decidiu pôr a boca no trombone e contar tudo
o que sabe sobre as relações perigosas e promíscuas entre políticos e agentes
do poder económico, pondo a nu o intricado esquema que permitiu ao nosso ex. PM
receber e esconder milhões de euros, no estrangeiro.
Farto de esperar um sinal positivo sobre o
seu processo, Salgadinho deu ordens aos seus advogados para negociar com o
Procurador encarregue do seu caso. O ex. Dono
Disto Tudo esperava que a subida do PS ao governo implicasse mudanças
profundas na Procuradoria e na PJ, de maneira a colocar o seu processo em
banho-maria ad eternum até que
prescrevesse. No entanto, o gabinete do Costa de Lisboa não conseguiu convencer
os seus parceiros de geringonça a alinharem nesta megaoperação de mordaça da
justiça, já que é sabida a antipatia natural dos radicais de esquerda por tudo
o que cheira a dinheiro.
Ao perceber a periclitante situação em que
Costa se encontrava, Ricardo Salgadinho tentou uma última cartada: a família
Espírito dos Santos indemnizaria em 50% os lesados do papel comercial do GES, o
governo assumiria 25% dos prejuízos e os lesados abdicariam do restante. No
entanto, as esganiçadas do BE recusaram dar o acordo a esta situação.
Desesperado, Salgadinho contactou o PP para votar favoravelmente uma solução
para os lesados do GES, lembrando ao ex. amigo Paulinho o favores que o BES lhe
fizera quando se sentiu a ir ao fundo com o caso dos submarinos, mas Portas recusou
ser a tábua de salvação de Salgadinho, lembrando-lhe que o caso dos submarinos
já prescrevera e que agora já não mandava nada e por isso devia falar com a D.
Assunção.
Furioso, Ricardo Salgadinho mandou fechar
negociações com a gente da geringonça e encarregou o seu advogado pessoal de
estabelecer contactos com o Procurador Rosário Teixeira da Cruz, oferecendo a
sua ajudar para entalar o Sócrates. Em troca, o Procurador da Operação Marquês do Pombal teria de
influenciar decisivamente o juiz Carlos Alexandre Barbosa a acusar Salgadinho
apenas de crimes que implicassem penas leves, ou seja, sem prisão efetiva.
Apertado pelos prazos para formular uma
acusação contra Sócrates, o Procurador afiançou ao advogado pessoal de
Salgadinho que conseguiria convencer o super juiz, mas na verdade só lhe tocou
no assunto ao de leve, porque o juiz Barbosa já nem o pode ver, tal a demora
que o Procurador tem levado a convencer “o amigo” de Sócrates a tornar-se mais
um dos seus ex. amigos.
A semana passada, o Procurador mais
acossado do país decidiu arriscar tudo: sob disfarce, encontrou-se pessoalmente
com Ricardo Salgadinho e pediu-lhe que mostrasse as provas cabais que dizia ter
contra e engenheiro que nem engenheiro chegou a ser. O antigo líder do “banco
mau” atirou para cima da mesa documentos autênticos e confidenciais que
provavam como José Paulo Pinto de Sousa era o dono de várias empresas
instaladas em paraísos fiscais, para onde os amigos tinham enviado generosos
donativos.
Ao ver, finalmente, as provas por que
tanto ansiava, o Procurador sorriu de satisfação e fumou um longo charuto. Quis
levar os documentos, mas Salgadinho não lho permitiu. Só quando saísse a
acusação que o juiz incorruptível prepara contra si! O Procurador tremeu, mas
não se desmanchou. Logo após o encontro telefonou ao seu amigo diretor do
jornal “Contra Manhosos” e anunciou que a acusação contra o engenheiro sairia
até ao final do Verão. O diretor ainda duvidou, mas depois do Procurador Cruz
lhe ter relatado os últimos avanços, não escondeu o seu contentamento por mais
três meses da telenovela em capítulos que o “Contra Manhoso” publica há vários
meses.
GAVB
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