A frase pertence ao historiador e
aristocrata Lorde Acton (1834-1902) e foi escrita há precisamente 129 anos,
numa carta dirigida a Mandell Creighton (futuro bispo anglicano de Londres) criticando
pela brandura com analisou a ação dos papas medievais, do papa renascentista
Sexto IV e a inquisição espanhol.
Na missiva dirigida a Creighton, Acton acrescentou
ainda que “os grandes homens são quase sempre maus homens, mesmo quando exercem
influência e não autoridade, ainda mais quando aliam a tendência ou a certeza
da corrupção à autoridade.”
Estas palavras não foram escritas há dias,
mas há mais de um século, no entanto elas são mais atuais do que nunca, porque
as notícias que nos entram a qualquer hora pelas televisões, rádios, jornais,
smartphones estão inundadas de casos de corrupção de gente muito importante, em
todo o mundo, e a vários níveis.
Acton centra a sua reflexão sobre a
corrupção no poder e não no indivíduo. Ele defende que o poder favorece a
corrupção e que esta será tanto maior quanto mais absoluto for esse poder.
Ora, nós não vivemos num tempo de poder
absoluto, mas a corrupção parece generalizada e de certa maneira mais absoluta
do que nunca. Como isto é possível? É possível porque apesar de vivermos em
regimes democráticos, estes estão sequestrados pelo poder económico que usa o
poder político como marioneta dos seus interesses. É fácil influenciar, dominar
e corromper meia dúzia de homens que, efetivamente, podem deter o poder.
Quem corrompe conta que só um pequeno
grupo a poder ascender ao poder e trata de o cativar e depois capturar.
No
entanto, estes homens e mulheres precisam de ser eleitos por uma massa enorme
de gente que não é corrupta nem dela beneficia. Como fazer para assegurar que
apenas votarão naquele grupo de gente preparada para manter o sistema tal como
ele está: corrupto e iníquo? Controlando a imprensa e os fazedores de opinião
pública, passando a ideia que será inútil e demagógico mudar para algo
radicalmente oposto da prática vigente, anunciando uma desgraça económica se
tal se verificasse, propalando aos quatro ventos que aqueles que desejam a mudança
radical são uns anarquistas e irresponsáveis. Por outras palavras, passando uma
mensagem de medo e incerteza quanto ao futuro.
E nós caímos como patinhos! Somos nós,
eleições após eleições, que mantemos os mesmos de sempre, mesmo depois de sabermos
que fizeram e fazem coisas ignóbeis, das quais já não se dão ao trabalho de se
desculpar tal a confiança que têm na nossa estultícia.
A corrupção começa no poder exagerado que
damos consecutivamente aos mesmos.
Na base de qualquer pirâmide faraónica está
sempre o pobre escravo que perpetua a sua condição de escravo.
Gabriel Vilas Boas
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