À boleia de Amadeo Souza-Cardoso, cuja
obra os franceses conhecem melhor que os portugueses, a Fundação Gulbenkian
leva a Paris desde ontem o melhor da arquitetura portuguesa espalhada pelo
mundo, dos últimos cinquenta anos.
Os
universalistas – 50 anos de Arquitetura portuguesa é uma
exposição dos cinquenta melhores projetos arquitetónicos assinados por arquitetos
portugueses nas últimas cinco décadas. Nuno Grande, comissário da exposição, leva
à capital francesa as maquetas, os desenhos, as fotos de obras tão emblemáticas
como o Museu da Fundação Ibêre Camargo, no Brasil (Siza Vieira); O Estádio do
Povo, em Bagdad (Keil do Amaral e Carlos Manuel Ramos); o Crematório de
Uitzicht, na Bélgica (Eduardo Souto Moura); a Sede do Governo do Barbante
Flamengo, na Bélgica (Gonçalo Byrne); O Teatro-Auditório de Poitiers, em França
(João Luís Carrilho da Graça) – que mostram o que de melhor a arquitetura
ofereceu ao mundo.
Teatro-Auditório de Poitiers |
Através desta exposição, Nuno Grande
pretende demonstrar o carácter universalista da arquitetura portuguesa e
provocar os franceses e a sua arquitetura tão concentrada no conceito
iluminista.
A arquitetura portuguesa é universalista
não apenas por estar presente nos quatro cantos do mundo mas também porque os
projetos dos seus arquitetos souberam adaptar-se e incorporar a cultura e o
lugar onde se inseriram. A arquitetura portuguesa foi e é universalista porque soube
integrar as diferenças culturais dos diversos povos, fazendo dessa síntese
uma mais-valia dos projetos.
Quem for à Cite de l’Arquiteture & du
Patrimoine, perto da Torre Eiffel, verá plantas, projetos originais,
fotografias das obras dos monstros sagrados da arquitetura portuguesa e perceberá como
eles mantiveram, através da sua arte, o carácter universalista da alma
portuguesa que afirma a sua diferença respeitando culturas.
Evidentemente que espero que esta
magnífica exposição venha para Portugal e percorra o país. Desejo ardentemente
que seja mostrada à juventude portuguesa, especialmente àquela que almeja
seguir arquitetura para que tenha um primeiro contacto com os mestres que a inspirará no futuro.
Gabriel Vilas Boas
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