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sábado, 16 de abril de 2016

UN GRAND PALAIS POUR AMADEO


A obra de Amadeo Souza-Cardoso merece ser conhecida, compreendida, admirada. Infelizmente, pouca gente fora do mundo da pintura conhece este ilustre amarantino que há cento e dez chegou a Paris para se tornar num dos maiores símbolos do Modernismo português, interpretando com virtuosismo as vanguardas do início do século XX.
   «A nós, a nova geração, só a originalidade interessa. Impressionista? Cubista? Futurista? Abstracionista? De tudo um pouco!» - Amadeo Souza-Cardoso.  


 Na próxima quarta-feira, dia 20 de abril, Paris vai começar a conhecer o que de melhor Amadeo Souza-Cardoso produziu em pouco mais de uma década de intenso fulgor artístico. São mais de duzentos quadros, além de fotografias, cartas e obras de amigos como Modigliani. O grande objetivo desta magnífica exposição no Grand Palais, em Paris, é retirar Amadeo do esquecimento a que foi votado durante décadas, por causa do apego da viúva às obras do marido e por via da pequenez cultural de Portugal, que nunca soube promover uma figura tão moderna e cosmopolita como foi Amadeo Souza-Cardoso.
   Hoje, na cidade de Amarante, no museu que tem o seu nome, o luso-descendente Christophe Fonseca apresenta o filme Amadeo Souza-Cardozo – O último Segredo Da Arte Moderna, um documentário que a RTP passará no dia 20 de Abril, que procura mostrar aos portugueses - e não só - quanto revolucionário, talentoso e moderno foi Amadeo.  

Christophe Fonseca acha inaceitável que ninguém conheça Amadeo fora de Portugal. Eu acho que nem em Portugal o conhecem bem. Urge divulgar a sua obra, a sua originalidade, a sua modernidade que nunca esqueceu as raízes, tão evidentes nas paisagens portuguesas dos seus quadros.
Amadeo chegou a Paris um dia antes de fazer dezanove anos e por lá conheceu a vanguarda da pintura e do movimento cultural europeus do início do século XX. Chegou apenas com o seu talento, o seu entusiasmo, a sua mentalidade desempoeirada que rapidamente percebeu que só em Paris conseguiria fazer respirar o seu talento de pintor. Por isso ele sentiu como ninguém a opressão que significou ter que sair da Cidade Luz, por causa da Primeira Grande Guerra Mundial, e regressar ao campos incógnitos de Manhufe, onde pintaria até morrer, em consequência da mortífera gripe espanhola, quando tinha apenas trinta anos de vida.
   O lugar de Amadeo Souza-Cardoso é o Grand Palais, onde só entram grandes nomes, como Picasso ou Velasquez, cujas exposições antecederam a do pintor amarantino. Amadeo é motivo de orgulho para Portugal, para Amarante e para a pintura portuguesa, por isso é importante que a Gulbenkian perceba que esta exposição não pode ficar só em Paris. Tem que passar uns meses em Portugal, com paragem obrigatória em Amarante e no Museu Amadeo Souza-Cardoso. Seria de todo incompreensível se assim não fosse…

Gabriel Vilas Boas


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