Durante muitos anos esta obra foi
atribuída a Anthony van Diyck, mas recentemente fixou-se a autoria em Rubens.
Trata-se de um estudo de cabeças em forma
de esboço. Estas dispõem-se naturalmente no espaço, preenchendo-o através de
uma diagonal.
Rubens faz uma análise das diferentes
expressões faciais: da alegria, passando pelo rosto pensativo, à dúvida. Este tipo
de estudo era normal no trabalho de um pintor que procura sempre captar a
expressão humana dos mais variados ângulos e sentimentos.
Habituado às compleições brancas e rosadas
dos homens do norte da Europa, Rubens encontra neste óleo sobre madeira transposto
para tela um verdadeiro desafio à sua arte criativa. Só a partir do século XVI,
com a descoberta do continente africano pelos portugueses e a chegada de
escravos à Europa em profusão, é possível aos pintores terem disponível nova matéria-prima para o estudo do Homem.
Rubens usou o modelo desta pintura algumas
vezes, sobretudo em quadros sobre o tema da Epifania, caracterizado como
Baltasar. Van Dyck também fazia o mesmo e talvez por esse motivo, durante
muitos anos, esta tela lhe fosse atribuída.
Neste estudo é visível a pincelada de
Rubens, em forma de mancha, exprimindo simultaneamente a cor, o movimento e a
forma.
Quando olho este belo quadro de Rubens,
patente nos Museus Reais de Belas-Artes, em Bruxelas, não deixo de pensar como
ela personifica bem a personalidade e a vida do homem negro ao longo dos
últimos cinco séculos: a inocente a natural alegria do africano que se dá sem reservas,
a dúvida sobre as intenções e sentimentos dos homens de outras cores; a
tristeza pensativa de quem não percebe nem o ódio nem a discriminação.
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