Desafiado a renegar aquilo que escrevera
sobre os abusos no seio da Igreja Católica, Martinho Lutero compareceu em Worms
(pequena cidade nas margens do Reno), diante da Dieta (assembleia geral do Sacro Santo Império) e recusou
retratar-se, recusou pedir desculpas e declarar que se havia enganado.
A 19 de abril de 1521, proferiu uma célebre
declaração que não deixava margem para dúvidas. «A menos que eu seja convencido pelos testemunhos das Sagradas
Escrituras ou motivos evidentes, (pois não acredito nem no papa nem em
concílios, visto que se provou que eles erraram ou entraram e contradição
permanente) estou vinculado pelas escrituras citadas por mim, e a minha
consciência foi feita cativa pela Palavra de Deus, e não posso renegar, porque não é seguro nem correto agir contra a
minha consciência. Deus me ajude. Amém.»
A declaração de Martim Lutero sobre a
autoridade das Escrituras em relação às diretrizes da Igreja Católica foi a
prova cabal da coragem, da determinação, da lealdade aos princípios do
Cristianismo do frade agostiniano Martinho Lutero. A defesa convicta das suas
opiniões transformou os seus protestos contra os abusos da Igreja num desafio à
autoridade espiritual e política da instituição eclesiástica.
Lutero saiu de Worms antes de ser
oficialmente acusado de heresia e, para sua própria proteção foi capturado numa
falsa emboscada por Frederico da Saxónia, que o manteve no Castelo de Wartburg
durante nove meses. Lutero não desperdiço o tempo que passou em cativeiro,
traduzindo o Novo Testamento para alemão; aquando da publicação, esta obra transformou-se rapidamente num êxito e o desafio à autoridade papal e imperial tornou-se
imparável.
Sem comentários:
Enviar um comentário