Salão de visitas da cidade do Porto, a
Avenida dos Aliados celebra, hoje, 100 anos de vida.
A 1 de fevereiro de 1916, o então
Presidente da República, Bernardino Machado, lançou simbolicamente a obra
desmoronando a primeira pedra do palacete barroco da Praça da Liberdade, onde
até então estava instalada a Câmara Municipal.
Paulatinamente foram desaparecendo os
vários prédios e arruamentos do bairro do Laranjal para dar lugar a uma avenida
longa e ampla, onde se instalou o poder político, social e económico de uma
cidade orgulhosa, leal, liberal e… invicta.
O nome – Aliados – pretendeu ser uma homenagem
aos países aliados na 1.ª Guerra Mundial, onde Portugal teve uma breve e
infeliz participação.
Após várias restruturações, foram-se
instalado na nova avenida portuense os serviços do Estado (Paços do
Concelho, Caixa Geral dos Depósitos, Banco de Portugal), as sedes dos
principais jornais da cidade (daí a presença da estátua do ardina),
consultórios médicos e estabelecimentos de prestígio, cafés emblemáticos como o
Guarany ou o Imperial, com os seus vitrais
coloridos de Art Déco.
Além da extraordinária largueza que
permite uma fenomenal entrada de luz, a Avenida dos Aliados caracteriza-se por
todos os seus edifícios serem de granito, muitos deles coroados por cúpulas,
lanternins e coruchéus que transmitem a quem chega à cidade toda a
personalidade do portuense.Quando, há dez anos, os prestigiados
arquitetos Álvaro Siza Vieira e Souto Moura retiraram as flores da placa
central da Avenida dos Aliados, a polémica instalou-se, mas a verdade é que os
dois arquitetos leram muito bem a essência dos Aliados e da cidade calcetando
os Aliados de paralelepípedos de granito. Ainda que as flores transmitissem cor e “aquecessem” a avenida transmitiam-lhe também uma ideia algo provinciana, que em nada
condiz com um Porto cosmopolita, onde a neblina matinal envolve os estrangeiros
num mistério que parece exalados dos edifícios altos, austeros, imponentes.
Ao fundo, o Palácio das Cardosas faz uma
vénia à estátua equestre de D. Pedro IV e estende o olhar, avenida a cima, até
à Praça General Humberto Delgado, onde Almeida Garrett o espera de pena da
pena, para lhe contar que nos Aliados se respira liberdade e orgulho de
pertencer a uma cidade… invicta.
Gabriel Vilas Boas
Sem comentários:
Enviar um comentário