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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

CEM ANOS DE AVENIDA DOS ALIADOS


Salão de visitas da cidade do Porto, a Avenida dos Aliados celebra, hoje, 100 anos de vida.
A 1 de fevereiro de 1916, o então Presidente da República, Bernardino Machado, lançou simbolicamente a obra desmoronando a primeira pedra do palacete barroco da Praça da Liberdade, onde até então estava instalada a Câmara Municipal.
Paulatinamente foram desaparecendo os vários prédios e arruamentos do bairro do Laranjal para dar lugar a uma avenida longa e ampla, onde se instalou o poder político, social e económico de uma cidade orgulhosa, leal, liberal e… invicta.
O nome – Aliados – pretendeu ser uma homenagem aos países aliados na 1.ª Guerra Mundial, onde Portugal teve uma breve e infeliz participação.

Após várias restruturações, foram-se instalado na nova avenida portuense os serviços do Estado (Paços do Concelho, Caixa Geral dos Depósitos, Banco de Portugal), as sedes dos principais jornais da cidade (daí a presença da estátua do ardina), consultórios médicos e estabelecimentos de prestígio, cafés emblemáticos como o Guarany ou o Imperial, com os seus vitrais coloridos de Art Déco.

Além da extraordinária largueza que permite uma fenomenal entrada de luz, a Avenida dos Aliados caracteriza-se por todos os seus edifícios serem de granito, muitos deles coroados por cúpulas, lanternins e coruchéus que transmitem a quem chega à cidade toda a personalidade do portuense.Quando, há dez anos, os prestigiados arquitetos Álvaro Siza Vieira e Souto Moura retiraram as flores da placa central da Avenida dos Aliados, a polémica instalou-se, mas a verdade é que os dois arquitetos leram muito bem a essência dos Aliados e da cidade calcetando os Aliados de paralelepípedos de granito. Ainda que as flores transmitissem cor e “aquecessem” a avenida transmitiam-lhe também uma ideia algo provinciana, que em nada condiz com um Porto cosmopolita, onde a neblina matinal envolve os estrangeiros num mistério que parece exalados dos edifícios altos, austeros, imponentes.


Ao fundo, o Palácio das Cardosas faz uma vénia à estátua equestre de D. Pedro IV e estende o olhar, avenida a cima, até à Praça General Humberto Delgado, onde Almeida Garrett o espera de pena da pena, para lhe contar que nos Aliados se respira liberdade e orgulho de pertencer a uma cidade… invicta.

Gabriel Vilas Boas

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