Entre 525 a.C. e 456 a.C. viveu Ésquilo,
celebérrimo poeta trágico grego que escreveu mais de sessenta tragédia, mas
cuja obra só conhecemos uma ínfima parte, pois só chegaram até nós sete peças
completas: As Suplicantes, Os Persas, Os
Sete Contra Tebas, Prometeu Agrilhoado, Agamémnon, As Coéforas, Euménides.
De carácter bravo e destemido, Ésquilo
orgulhava-se em ter combatido em batalhas tão emblemáticas como Maratona ou
Salamina, mas foi o Teatro que inscreveu o seu nome na História. Os seus
compatriotas admiravam-no muitíssimo e a sua fala de porta trágico extravasa as
fronteiras de Atenas.
Como grande patriota que era, Ésquilo
concebeu o drama como instrumento de propaganda nacional, ou seja, um meio de
inculcar nos espetadores a importância do amor à pátria, da submissão à vontade
dos deuses e do culto paciente da virtude.
A Ésquilo ficou a dever-se muitas inovações: passagem da peça de teatro do estado meramente lírico-narrativo ao nitidamente dramático; colocação de um segundo e terceiro atores junto ao protagonista e à frente do coro; enriquecimento do aparelho cénico; introdução da máscara, do manto e do coturno na representação.
Ésquilo escolhe sempre temas grandiosos
para as suas tragédias, que tiveram, invariavelmente, um vigor e profundidade
insuperáveis.
Durante mais de quatro anos este
extraordinário dramaturgo dominou o teatro ateniense, vencendo treze concursos
nacionais. Foi ele que limitou as partes corais, estabelecendo o verdadeiro
diálogo trágico; foi ele que fixou o esquema de três dramas seguidos que viriam
a ser os três atos das peças de hoje.
Como já referi, até nós apenas chegou 10%
da sua obra. Em As Suplicantes, Ésquilo
propõe a dramatização das lendas das cinquentas filhas de Damão; n’Os Persas são protagonistas as sombras
dominadoras de Dário e Xerxes que chega derrota para dar conta da sua inépcia.
A tragédia Os Sete contra Tebas fazia
parte de uma trilogia cujas duas primeiras peças (Lajo; Édipo) se perderam. Esta tragédia termina com um duelo entre
os irmãos Eteocles e Polimice (filhos do incesto de Jocasta e Édipo) de que
resultará a morte de ambos para “lavar” o trágico incesto diante da vontade dos
deuses.
Prometeu
Agrilhoado também faz parte de uma trilogia entretanto
perdida. Através da sua história, Ésquilo põe-nos a refletir sobre a bárbara
tragédia do Destino inexorável em relação aos homens. O tema é o castigo
imposto pelos deuses a Prometeu, que se introduziu no Olimpo para roubar o fogo
sagrado dos deuses e dá-lo aos homens.
A única trilogia que chegou imaculada até nós
foi a Oristeia (Agamémnon, As Coéforas, Euménides). A ação decorre entre o
regresso dos vencedores de Troia e o perdão de Orestes (filho matricida)
concedido pelo areópago ateniense.
Definitivamente, Ésquilo – um dramaturgo a
reler.
GAVB
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