Nunca fui um grande fã do mundo Disney e
por isso não fiquei demasiado entusiasmado, quando as minhas filhas me falaram
na possibilidade de passar alguns dias na Disneylândia, em Paris. No entanto,
estes foram dias maravilhosos e surpreendentes.
Apesar do vento frio e da ameaça
permanente de chuva, o cenário com que cada visitante se depara à entrada dos
Parques Disney é deslumbrante e rapidamente abre o sorriso aos milhares de
visitantes que diariamente acorrem à maior fábrica de sonhos da Europa.
É impressionante constatar como aquela
imensa babel de povos se entende na universal linguagem da brincadeira, dos
jogos, do saboroso regresso ao tempo da infância. Ao contrário do que pensava a
Disneylândia não é só para as crianças, mas para pessoas de todas as idades que
reabrem as portas da sua infância e recordam as histórias, as personagens que os
fizeram felizes. As personagens e as histórias criadas por Walt Disney que espelham a vida nas suas diversas facetas. Talvez por isso atraiam tanta gente… A
luta entre o bem e o mal, os amores e as paixões, as grandes façanhas dos
heróis, os divertidos defeitos de bonecos pelos quais nos apaixonamos
instintivamente, a delicadeza e sensibilidade das princesas, a maldade dos
vilões.
O público divide-se entre o parque Walt Disney Studio Films e o parque da Disneyland. Neste há quatro zonas
temáticas (Fantasyland, Discoveryland, Adventureland, Frontierland). Indubitavelmente,
a mais bonita e glamourosa é a Fantasyland, onde as meninas se deliciam com
histórias de princesas, dragões, da branca de neve, o labirinto curioso da Alice no País das Maravilhas ou o país do conto de fadas. Estes e
outros divertimentos são enquadrados pelo majestoso, imponente e belíssimo
Castelo das Princesas, onde todos os dias, à hora de encerramento do Parque, há
um encantador espectáculo de cor, fogo-de-artifício e memória das figuras e
histórias mais queridas do mundo Disney: Disney
Dreams.
A meio da tarde é normal decorrer uma
parada das principais estrelas da bonecada, num animado cortejo pela mainstreet e que me fez lembrar os
cortejos carnavalescos. Por coincidência passou por mim na tarde da terça-feira
de Carnaval.
A Discoveryland é o território preferido
dos rapazes e adultos. Foi lá que comecei a minha visita ao mundo Disney, numa
pequena corrida de automóveis com a minha filha mais nova, na Autopia. Noutra altura desci ao
submarino do capitão Nemo, antes de uma interessante batalha no Buzz Ligthear
Lazer Blast. A minha pontuação foi tão fraquinha que decidi confortar-me com o lanche e
deixar o resto da comitiva na Frontierland, onde pacientemente me esperaram na
Panthon Manor, verdadeira casa do terror, ao melhor estilo das fantásticas
histórias do americano Edgar Allan Poe. Depois de meio-dia passado na terra dos
cowboys, procurei a terra da aventura. Adorei o Castelo dos Piratas, a Casa do
Aladino, o jipe do Indiana Jones.
As horas e os dias iam-se sucedendo entre
divertimentos, enormes filas de espera e vários quilómetros percorridos de um
lado para o outro. Apesar do cansaço, o desejo de aventura, brincadeira era
sempre superior.
Milhares de pessoas de todo o mundo a
cruzarem-se constantemente, a trocar breve impressões, normalmente em francês
ou inglês, espécie de línguas fastpass
do entendimento geral. As máquinas fotográficas não paravam de disparar,
captando momentos únicos e muitos belos, pois o cenário parecia sempre
magnífico para qualquer lado que nos virássemos. É fácil fazer 100/200 fotos
por dia, pois as oportunidades não faltam. Como também não falta a extrema
gentileza de todo o staf do mundo Disney. Africanos, franceses, asiáticos,
americanos – todos eles vindos um pouco de todo o mundo são um exemplo de
simpatia, simplicidade, cordialidade, resolvendo problemas, indicando soluções,
mas nunca aligeirando as normas de segurança. Por falar em segurança, ela
esteja sempre visível, ativa e eficaz, mas jamais foi intimidatória.
Para o final ficou a descoberta dos
Studios Walt Disney. Perceber como se constroem os efeitos especiais de muitos
filmes emblemáticos, entender como se criou o medo e a adrenalina das grandes
películas de aventuras, percorrer enternecido a história do cinema no Cinamagique foi altamente compensador,
mas a aventura final na Casa do Ratatui ultrapassou o imaginável – foi
inesquecível.
Gabriel Vilas Boas
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