Quem ama a pintura impressionista e
pós-impressionista tem que visitar o Museu de l’Orangerie, em Paris, no antigo
Palácio das Tulherias, a dois passos da Praça de la Concorde, ladeado pelo Sena
e com o majestoso Museu d’Orsay como rival. Se o cenário exterior é magnífico,
o interior não lhe fica atrás, com quadros de Cézanne, Matisse, Renoir, Picasso,
Modigliani, Soutine, Henri Rousseau e Monet.
No piso de entrada do Museu, o visitante
fica boquiaberto com a obra NYMPHÉAS, de Claude Monet.
São vários painéis que ocupam duas enormes
salas ovais (construídas com esta forma para se adequar à obra de Monet) do
Musée de l’Orangerie, que André Masson denominou Capela Sistina do Impressionismo e onde Claude Monet pintou o famoso
ciclo dos lírios de água.
As dimensões e área coberta pelos painéis
de Monet abrangem cerca de 100 metros lineares de pintura, onde o pintor gaulês
deixou a marca da sua genialidade ao pintar uma paisagem pontilhada de lírios
de água, ramos de salgueiro, árvores e reflexos de nuvens, dando a “ilusão de
um conjunto sem fim, uma onda sem horizonte, nem barco”.
Esta obra-prima é exemplar único no mundo
e merece ser admirada de perto, especialmente por quem, como eu, aprecia a
pintura impressionista.
O ciclo dos lírios de água foi inspirado
no jardim que o próprio Monet mandou construir na sua propriedade de Giverny,
na Normandia, provavelmente já com o objetivo de o pintar.
A famosa lagoa de lírios de Monet, obrigou
o pintor francês a um trabalho hercúleo de cerca de 300 pinturas, onde se
incluem mais de quarenta painéis de grande formato.
Dois tipos de composição por Monet desde o
início do ciclo. Um engloba as margens da lagoa e a densa vegetação –
composição dos lírios de água da lagoa, pintada entre 1899 e 1900 – mais as
pontes japonesas pintadas nos últimos anos de vida de Monet. A outra composição
é um conjunto de peças, onde o pintor mantém somente a tabela de água, pontuada
com flores e reflexos. Estamos perante as chamadas waterscapes, que Monet pintou entre 1903 e 1908, organizadas em
séries, em que cada peça é apresentada como um fragmento, mas no conjunto acaba
por formar um belo mural.
Nymphéas (lírios de água) é uma criação
monumental e íntima; a expressão e o resultado do pensamento artístico de Claude
Monet. Um projeto incrível, onde o pintor francês explorou até à exaustão as
variações de luz no seu jardim e que o Musée de l’Orangerie exibe em duas salas
ovais, que criam um lugar de reflexão para o visitante.
Há quase cem anos (1918), Claude Monet
ofereceu este refúgio de beleza, este lugar de paz e meditação aos parisienses
e hoje todo o mundo o pode apreciar.
Gabriel Vilas Boas
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