Depois de duas semanas
de férias ao sol, uma paragem nas margens do sábado desafia-me a subir a bela
serra da Arrábida e a atravessá-la de devagar, usufruindo de recortes de
natureza únicos.
Entretanto o carro
seguiu viagem e só parou em Azeitão, diante da majestática, nobre e monumental
Quinta da Bacalhôa, onde agora habita o senhor comendador Joe Berardo.
Não tinha planeado
visitar este monumento nacional, que outrora pertenceu à Casa Real Portuguesa.
Desde do século XV, o famoso Palácio da Bacalhôa teve proprietários ilustres
como o filho de D. João I ou o primogénito de D. Afonso de Albuquerque. É da
época dourada da História de Portugal que datam os lindíssimos azulejos que me
deixaram de boca aberta assim como as janelas de estilo renascentista.
Todavia, antes da
visita ao Palácio, comecei a visita (guiada) pelo Museu da Bacalhôa, onde Joe
Berardo já deixou o seu cunho pessoal. Foi lá que pude ver uma excecional
exposição sobre África, onde Berardo deixa perceber a sua ligação a África,
lado a lado com outro sobre Art déco, que revela o lado de colecionar do
comendador. No meio fica a imponente adega, cheia de centenas de barricas de
alguns dos melhores vinhos portugueses: o excelente vinho da Bacalhôa estagia
em barricas de carvalho francês lado a lado com o memorável moscatel de região.
Estava aberto o apetite para uma prova de três vinhos, antes de seguir viagem
até ao Palácio da Bacalhôa, onde os caseiros nos esperavam para uma visita
guiada especial, pois já estávamos fora de horas.
A simpatia da senhora surpreendeu-me
bastante. Com paciência e sapiência guiou-nos sala após sala do piso inferior
do Palácio, onde as abóbadas ogivais nos lembram os cinco séculos do edifício e
os azulejos recordam que o outrora Palácio dos Albuquerques tinha o justo
estatuto de tesouro artístico de Portugal. Durante mais de uma hora percorri
salas magníficas, um jardim trabalhado e decorado com o rigor de um geómetra,
onde o nome da antiga proprietária Orlena Scoville estava inscrito e caminhei
por entre as vinhas, onde Berardo e família fazem anualmente a sua vindima
privada, numa festa imensa que celebra a vida, a amizade e o vinho. Ao que
parece, no final, acabam todos na deslumbrante piscina do lago.
Eu, por mim, ficava
ainda mais uns minutos sentado numa daquelas poltronas da casa da Justiça, que
fica sobranceira sobre o lago, admirando a extensa vinha madura. Se lá tivesse
um copo do saboroso tinto da Bacalhôa seria excecional…
Gabriel
Vilas Boas
Também visitei mas só a adega e o museu :)vale muito a pena !
ResponderEliminar