Marten de Vos
(1532-1603) era o mestre de um estúdio muito concorrido em Antuérpia, um
importante centro artístico no final do século XVI. A tela “O Rapto da Europa”,
datada de final do século XVI é um exemplo típico do seu estilo gracioso e
mostra uma Europa nua, deitada sobre o dorso de Júpiter, disfarçado de touro.
As roupagens ondulantes
da jovem formam um elegante arco por trás da sua cabeça enquanto ela se agarra
aos chifres do touro. Ela olha para trás com remorsos, para o lugar onde tinha
estado a brincar com as suas companheiras antes de ser arrebatada por Júpiter.
À semelhança de outros
pintores da sua época, De Vos tinha viajado até Itália, onde foi muito
beneficiado pelos artistas venezianos, como por exemplo Ticiano e Veronose, que
também tinham tratado o mesmo tema.
O elemento-chave desta
composição pictórica é, obviamente, a Europa. Ovídio conta-nos nas suas
“Metamorfoses” que Júpiter se enamorou de Europa, filha do rei de Tiro, e
disfarçou-se de touro para se poder misturar entre o gado que vagueava pelas
areias onde ela brincava.
Na sua pintura, no
palácio do Doge de Veneza (1580), Veronese mostra-a enquanto ela admira o belo
touro estendendo-lhe flores para que ele beijasse as suas mãos. Júpiter divertiu-se
e brincou até Europa perder o medo, pendurar as grinaldas nos seus chifres e
montar em cima dele. Foi então que ele atravessou o oceano até Creta, onde
consumou o seu amor. Em resultado disso, a jovem deu à luz três filhos, um dos
quais foi Minos, rei de Creta.
Outra versão da
narrativa mitológica diz que um dos filhos foi o continente europeu e que a
própria Europa (rapariga) foi transformada em vaca, tornando-se a constelação e
no signo Touro do Zodíaco.
O quadro de Marten de
Vos prefere realçar a beleza da jovem que seduziu Júpiter, apostando na nudez
como elemento a explorar. Para apreciarmos de perto este quadro do pintor
flamengo temos de ir a Bilbau e ao seu centenário Museu das Belas Artes.
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