Normalmente,
isto queria dizer Que profissão gostarias
de ter quando fores adulto? Cada um falaria dos seus gostos profissionais,
tendo em conta as suas aptidões, o prazer que determinada tarefa lhe suscitaria
e… o retorno financeiro dessa profissão. Nas últimas décadas secámos tanto e
tão cedo os nossos sonhos que a maioria das respostas seria: “Aquela que me der
mais dinheiro e fama!”.
No
entanto, a famosa pergunta encerra outra questão, mais subtil, mas que também
vale a pena discutir: O meu projeto de
vida é a minha profissão?
“O
que queres SER…?” tem que ser muito mais que uma profissão,
porque somos Pessoa e o trabalho é
só um instrumento e não um fim. Todavia, desde crianças somos condicionados a
construir uma identidade através do trabalho. De uma maneira sub-reptícia ou
declaradamente, procuram engavetar a nossa vida no espartilho de uma profissão,
especialmente no caso de termos algumas qualidades profissionais que nos
aconselham determinada opção.
O
problema é que não estamos preparados para contrariar este paradigma na altura
devida, porque, raramente ou só muito tarde, pensamos no que somos e no que
queremos de nós, como um todo.
Quando
a mecanização da ditadura do trabalho nos desumanizou, quase por completo, de
tal maneira que deixou de haver amigos, percebemos, claramente, que não
queríamos ser nada daquilo em que nos tornámos.
E
então sofremos! Sofremos muitíssimo, porque nos dirão que a escolha foi nossa.
E, na verdade, foi… e não foi, porque, neste mundo tão diverso e tão
democrático, só havia uma escolha. Desde as primeiras conversas em família às
opções escolares.
Ninguém
pergunta na escola ou em casa: “Olha lá
rapaz, que tipo de pessoa queres tu ser?” Se esta pergunta fosse feita a
uma criança ou a um adolescente ou até a um jovem adulto, em 90% dos casos, o
interlocutor gaguejaria, surpreendido.
E há
tanto para ser além do tradicional e esperado “Quero ser boa pessoa! Quero ser feliz!”
Quero ser tolerante,
decidido, audaz, fraterno, simpático, paciente, trabalhador… E cada um poderia
ir construindo a sua personalidade a partir dos seus valores de base. Seria uma
escolha sua e consciente, onde a profissão se haveria de enquadrar, mas nunca
impor.
Provavelmente
evitaríamos interrogações angustiadas do género “Quem sou eu fora do
trabalho?”, por volta dos quarenta. Saberíamos que somos o projeto de vida que
quisemos ser, que não nos conhecem apenas pela profissão, porque o trabalho que
exercemos é só o trabalho que exercemos.
Então
as pessoas que cruzarem a nossa vida apreciarão as nossas qualidades
profissionais, intelectuais e físicas do mesmo modo que valorizarão as nossas
qualidades pessoais. Nessa altura seremos grandes, como estava destinado a ser,
e seremos a Pessoa que quisemos ser.
Gabriel
Vilas Boas
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