Esta tela de Rembrandt
data de 1632 e comemora a dissecação realizada pelo Dr. Nicolaes Tulp. Foi uma
das primeiras grandes encomendas que o pintor teve logo que chegou a
Amesterdão.
Identificado pelo seu
colarinho simples, o chapéu de abas largas e a expressão de santidade, Tulp
segura os tendões do braço com um fórceps; com a outra mão demonstra o modo como
os músculos dobram os dedos. Ora os dedos são dos principais instrumentos quer
do cirurgião quer do pintor.
Este típico de retrato de
grupo era popular em irmandades e corporações e tradicionalmente mostrava os
membros desse grupo alinhados em fila. A cena de Rembrandt é muito mais
animada: os participantes agrupam-se, formando uma pirâmide, enquanto um deles
tem na mão uma lista dos presentes os outros olham para o mais famoso tratado
do Dr. Andreas Vasilius no canto inferior direito e parecem absortos nas
palavras do Dr. Tulp. Os seus rostos pálidos e a pele do cadáver destacam-se claramente
contra o fundo escuro.
Com este óleo de
dimensões assinaláveis (170x210cm), exposto no Museu Mauritshuis, em Haia, na
Holanda, Rembrandt prendeu destacar a figura do médico.
Nos Países Baixos, os
médicos eram muitas vezes ridicularizados, como podemos confirmar no quadro A Cura da Loucura (1490) de Bosch, que
mostra um médico a furar o crânio de um paciente, na tentativa de libertar os
espíritos malignos. Em A Consulta do
Médico (1663-65), de Jan Steen, o médico aparece a consultar uma mulher que
parece estar perdidamente apaixonada ou grávida. Um pedaço de fita é muitas
vezes visível nestas cenas, já que o diagnóstico era feita a partir do cheiro
produzido quando a fita era queimada. O médico também pode ser visto a
verificar o pulso da mulher, que se supunha ficasse mais rápido na presença do
amante.
Sem comentários:
Enviar um comentário