Rubens pintou várias
versões deste tema, maravilhado com a história, que lhe permitia representar
três belas mulheres numa paisagem pastoril idealizada onde as vestes eram
desnecessárias.
Numa narrativa de O Julgamento de Páris, o príncipe
troiano tinha efetivamente pedido às deusas para tirarem a roupa no sentido de
melhor determinar qual seria a vencedora do concurso de beleza divino.
Nesta versão de
Rubens aqui apresentada, datada de 1639, Páris aparece com os seus trajes de
pastor. Ele fixa as três magníficas deusas nuas, contemplando-as de lado, de
frente e de costas enquanto Mercúrio tem na mão a maçã que deveria servir de
prémio.
Minerva aparece com a
sua coruja (a armadura jaz no chão atrás dela); Vénus com o seu filho Cúpido e
Juno surge com o seu pavão. As expressões suaves e os movimentos graciosos das
deusas revelam nada acerca das consequências desastrosas provocadas pela
decisão de Páris e que deram origem à guerra de Troia.
Este quadro de Rubens
explora bastante a nudez das deusas, de modo a realçar a sua beleza, já que
este era a questão fundamental deste julgamento/concurso.
O elemento fulcral
desta pintura de Rubens, assim como da história de lhe está subjacente, é
Páris. Filho do rei Príamo de Troia, Páris foi destinado, por altura do seu
nascimento, a ser a ruína do seu país. O seu pai ordenou a sua morte, mas o
escravo a quem tinha confiado a tarefa abandonou o rapaz no monte Ida. Páris
foi encontrado pelos pastores, que o criaram e o transformaram num guardador de
rebanhos. Mais tarde a ninfa Enone apaixonou-se por ele.
No famoso julgamento
de Páris, este foi encarregue de oferecer como prémio uma maçã de ouro da
Discórdia à deusa que ele considerasse ser a mais bela. Juno oferecia-lhe a
Ásia se ele a escolhesse; Minerva disse que faria dele um grande guerreiro e
conquistador; Vénus prometeu-lhe a bela Helena de Esparta, a par do Amor, do
Desejo, das Três Graças, da Paixão e do Himeneu.
Vénus ganhou a maçã,
mas a decisão provocou o ressentimento de Juno e de Minerva. Além disso, quando
Páris raptou Helena, enfureceu os gregos que se juntaram para a recuperarem.
Assim, começou a Guerra de Troia, na qual lutou sem entusiasmo até ao final e
que terminou na prometida destruição de Troia.
Para ver ao perto um
das obras-primas de Rubens não é preciso ir muito longe, pois este quadro do
pintor flamengo está no museu do Prado, em Madrid.
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