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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O MUSEU DOS COCHES


O Museu dos Coches é a imagem viva de todo o glamour da realeza portuguesa dos séculos XVII, XVIII e XIX.
Há mais de um século, a última rainha portuguesa teve a feliz ideia de juntar e mostrar toda a coleção de coches, berlindas, seges, carros de gala, carros de passeio, liteiras e cadeirinhas que simbolizavam o chique, o luxo e a ostentação, em que viviam reis, rainhas, príncipes e princesas.
Inaugurado há três meses, o novo Museu dos Coches é um espaço amplo e moderno, onde os quadros dos reis e rainhas da última dinastia portuguesa foram substituídos por paredes brancas, rasgadas por janelas retangulares, que iluminam o espaço com a magnífica luz de Lisboa. Apesar de toda a arte pictórica do antigo edifício, que emoldurava a extensão coleção, o atual Museu dos Coches é, indubitavelmente, mais atrativo pela luz que o Tejo traz, porque o branco em redor foca a nossa atenção nos coches e, sobretudo, porque tem ótimos guias, que durante 40/50 minutos fazem uma excelente abordagem histórica, social e artística de toda a coleção, doseando corretamente as informações generalistas, relevantes, técnicas ou simples curiosidades deliciosas.
A coleção começa com um dos coches mais antigos do mundo, ou seja, aquela que trouxe Filipe II de Madrid até Lisboa, em 1619; prossegue com as belíssimas berlindas do reinado de D. João V, onde a beleza, luxo, riqueza e ostentação estavam presentes desde o mais ínfimo pormenor até à imagem de conjunto. Entre os vários exemplares do museu destacam-se o coche que trouxe a princesa Maria Ana da Áustria (dote/presente de casamento) para o seu casamento com D. João V, onde não pude deixar de reparar no pormenor dos cupidos tentando atingir o leão, revelador da intenção da linda princesa em conquistar o coração do marido; os três coches (dos cinco) que D. João V fez rolar nas ruas de Roma, em 1716, na famosa embaixada ao papa Clemente XI, que brilham pela sua sumptuosidade e riqueza (só o restauro do menos valioso custou 300 mil euros).
Há ainda o famoso coche da mesa ou da troca das princesas, que levou a princesa Maria Bárbara de Bragança (filha de D. João V) até à ponte do rio Caia, em janeiro de 1729 para casar com o rei Fernando VI de Espanha e trouxe a princesa castelhana Mariana Vitória, já casada com o futuro rei D. José.
E já no fim da exposição, é impossível não reparar no landau onde o penúltimo rei de Portugal foi assassinado em 1 de fevereiro de 1908 e a monarquia ficou ferida de morte.
O Museu dos Coches é um excelente local onde podemos beber um pouco da História de Portugal e sentir o paladar da arte e do bom gosto.

Gabriel Vilas Boas













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