19 de agosto de 14 d.C.
César Augusto, mais
Octávio de nome próprio, foi imperador de Roma em tudo, exceto no nome, durante
mais de 40 anos, e consta que se gabava de ter herdado “uma cidade de tijolo e
deixado uma de mármore”.
O seu reinado
traduziu-se numa idade de ouro da escrita em latim, durante a qual se
destacaram o historiador Tito Lívio e os poetas Horácio, Virgílio e Ovídio. Foi a
imitação consciente destes modelos por alguns escritores ingleses do século
XVIII que fez ressurgir o termo «era de Augusto» para descrever o seu empenho.
Sempre preocupado com a
imagem pública (até nas memórias supostamente descuidadas), o imperador Augusto
manteve as aparências até ao último momento, pelo menos é o que podemos deduzir
do relato da sua morte a 19 de agosto de 14 d.C., feita pelo historiador
Suetónio, um século mais tarde. Augusto foi proclamado deus no seu funeral.
«No último dia de vida,
ele perguntava de vez em quando se havia algum problema por sua causa; depois,
pedindo um espelho, mandou que o penteassem e lhe endireitassem o queixo. Depois
disso, chamou os amigos e, perguntando-lhes se lhes parecia que ele
representara a comédia da vida adequadamente, acrescentou: “Como eu desempenhei
bem o meu papel, batam-me palmas/ e do palco mandei-me embora com aplausos.”
Em seguida, mandou que
todos saíssem enquanto perguntava a alguns recém-chegados pela filha de Druso,
que estava doente; morreu, de súbito, quando beijava Lívia, pronunciando estas
últimas palavras: “Vive a pensar no nosso casamento, Lívia, e adeus.”,
abençoado assim com uma morte fácil que sempre desejara. Porque quase sempre que
sabia que alguém morrera depressa e sem sofrimento, rezava para que ele e os seus
pudessem beneficiar de uma espécie de eutanásia, pois era esse o termo que ele
queria usar.»
Suetónio, Vida de Augusto, 121
Interessante. LUIZ PORTO ALEGRE
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