Hollywood, 11 de maio de 1927. Louis B. Mayer, o homem
forte da MGM propõe a criação dum prémio destinado a distinguir o que de melhor
se viesse a fazer na indústria cinematográfica. Logo o diretor artístico da
MGM, Cedric Gibbons, pegou numa folha de papel e esboçou a figura de um
guerreiro nu, segurando uma espada com as duas mãos, colocado em pé em cima
duma bobina de cinco buracos, correspondendo aos cinco ramos fundadores da
Academia (atores, realizadores, produtores, técnicos e argumentistas).
A ideia de Meyer e o desenho de Gibbons (posteriormente
esculpido por George Stanley) foram aprovados por aclamação. Estava criado o
prémio que, anos mais tarde, viria a
chamar-se ÓSCAR.
A 16 de maio de 1929, numa cerimónia que não demorou mais
de cinco minutos, foram entregues os primeiros prémios da Academia, atribuídos
em função dos filmes realizados em 1927 e 1928. Por mais cinco edições foi
mantida a fórmula bianual. Em 1935 (com a entrega dos Óscares relativos a 1934)
foi adotado o esquema que ainda hoje perdura.
A 2 de março de 2014, decorrerá a 86.ª cerimónia de
entrega de Prémios da Academia. Hollywood distinguirá os melhores do cinema em
2013 e entregará mais de duas dezenas de estatuetas que premiarão atores,
atrizes, realizadores, filmes, bandas sonoras, argumentos originais e
adaptados, curtas e longas-metragens, documentários e canções originais,
figurinos e efeitos especiais.
Aquela pequena
estatueta de 35 centímetros, banhada a ouro é o objetivo de milhares e milhares
de atores, atrizes, realizadores, técnicos de luz e de música, produtores. Por
ela, muito dinheiro foi investido, muitos realizaram autênticos prodígios de
interpretação fazendo sonhar milhões de pessoas em todo o mundo.
Hollywood, a
cidade sagrada do cinema, certifica todos os anos os heróis da sétima arte. Obter
uma nomeação para Óscar é já uma honra que está apenas ao alcance de poucos,
mas ganhar um Óscar é algo de tão raro e precioso que muito poucos são aqueles
que se podem gabar de ter em casa duas estatuetas. Entre os deuses e deusas que
Hollywood consagrou destacam-se três atrizes (Katharine Hepburn, Ingrid Bergman
e Meryl Streep) e um ator (Jack Nickolson).
A americana K. Hepburn ainda é a mais galardoada de
sempre, com quatro estatuetas (1934, 1968, 1969 e 1982), mas Meryl Streep, que
ganhou em 1980, 1983 e 2012, pode alcançá-la, pois é uma das nomeadas da edição
deste ano, na sequência da sua interpretação em “Um quente agosto”. Pelo meio
fica a deusa sueca Ingrid Bergman que arrecadou a estatueta dourada tês vezes
(1945, 1957, 1975). Do lado masculino, apenas Jack Nickolson venceu três vezes:
1975, 1987 e 1997. Em todos os casos, podemos verificar que se trata de
autênticos monstros sagrados do cinema, pois ganharam o prémio como jovens,
como adultos e como velhos atores, o que atesta toda a sua predestinação para a
representação.
O mundo do cinema não é só dos atores e das atrizes é
também dos realizadores e, nesta área, Walt Disney destaca-se entre todos.
Vinte e dois óscares e cinquenta e nove nomeações são um recorde que muito
dificilmente será batido por alguém.
Quanto aos filmes, o record de estatuetas está na posse
dum trio: Ben-Hur (1960), Titanic (1998) e Lord of Kings (2004) – todos com
onze estatuetas, todos grandes produções cinematográficas que arrasaram a concorrência.
Este ano, o grande candidato é “Golpada americana” de
David O. Russell. “Golpada americana” é um exemplo de realização. David Russell
reuniu um elenco fantástico de atores (Christian Bale, Bradley Cooper, Jnnifer
Lawrence e Amy Adams) e soube dar-lhe a liberdade que o seu génio pedia. Nenhum
desiludiu e todos eles estão nomeados para melhor ator/atriz principal e
secundário. Mas para que a conjugação astral fosse realmente perfeita faltava
um elemento fulcral: o argumento. “Golpada Americana” é a história do vigarista
Irving Rosenfeld (Bale) e da companheira Sydney Prosser (Adams), que, de um
momento para o outro, acabam por ter de trabalhar para o FBI, concretamente,
para o ambicioso Richie DiMaso (Cooper). Devido a Rosalyn Rosenfeld (Lawrence),
o mundo de todos desmorona num caso que vai abalar a vida política de New
Jersey, mas também a Máfia norte-americana. Política, corrupção, amor, traição,
vigarice, humanidade, verdade e mentira. “Golpada Americana” retrata com
nostalgia os inesquecíveis anos 80, o seu vestuário, os seus costumes, as suas
músicas, os seus crimes… Impossível a América não gostar de si.
Talvez Leonardo Di Caprio em “O Lobo de Wall
Street” arrebate o óscar de melhor ator que há muito lhe pisca o olho e Cate
Blanchett, em “Blue Jasmine”, receba o prémio de melhor atriz, mas seria uma
grande surpresa se alguém desse um golpe à “Golpada Americana”. Daqui a algumas
horas, milhões em todo o mundo susterão a respiração por um segundo “And the
Oscar goes to….”
Gabriel Vilas Boas
Gostei muito do teu texto, que só consegui ler agora. Mas foram poucos os filmes que apreciei...apenas Filomena recebe o meu óscar...mas se calhar não percebo nada de cinema. A Cate brilhou, gostei muito de a ver em Blue Jasmine.
ResponderEliminarRosa Maria Fonseca