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terça-feira, 11 de março de 2014

BEATRIZ COSTA, A MENINA DA FRANJA

Beatriz Costa teve uma longa vida (88 anos), como convém a uma artista tão brilhante e aclamada que viveu com fulgor e alegria contagiantes.
Beatriz Costa foi um verdadeiro ídolo no seu tempo, bastando o seu nome estar à frente do elenco para o espetáculo ser um sucesso garantido. Com um talento inato para a interpretação, a menina da franja mais famosa de Portugal representou vários papéis populares, exercendo um magnético domínio sobre a plateia, especialmente pela alegria comunicativa que demonstrava.
Começou ainda adolescente, como corista, no teatro de revista, com a peça “Chá de Torradas” (1923). No entanto, o seu enorme talento fá-la subir de posto muito rapidamente. Um ano depois já brilhava no Rio de Janeiro na revista “Fado Corrido”. Entre 1925 e 1930, soma êxitos atrás de êxitos, sempre no teatro de revista: “Fox Trot”, “Malmequer”, “Olarila”, “Sete e Meio”.
O seu brilhantismo e exuberância não cabiam nos palcos. Ela tinha de chegar à grande tela. Com Vasco Santana e António Silva, protagoniza o primeiro filme feito em Portugal: “Pátio das Cantigas”, ainda hoje uma referência no cinema e na comédia portugueses.
Cinco anos mais tarde, será a cabeça de cartaz de “Aldeia da Roupa Branca”, representando uma rapariga da região Oeste, papel com que se identificou devido às suas origens (Mafra).
Depois de passar uma década no Brasil, onde foi aclamada pela crítica e pelo público, volta a Portugal, mas pouco depois dos cinquenta anos decide abandonar os palcos e o cinema para se dedicar a outra paixão da sua vida – a escrita. É então que publica “Sem Papas na Língua”, “Mulher Sem Fronteiras” e “Nos Cornos da Vida”.
Conhecida e amada como a menina da franja, Beatriz Costa (nome artístico, pois chamava-se Maria da Conceição) era uma pessoa irrequieta, irreverente e muito calorosa. Talvez por isso o público se identificasse tanto com ela.
Considerada, por muitos, uma das mulheres mais fascinantes da cultura portuguesa do século XX, a par de Amália Rodrigues ou Sophia de Mello Breyner, Beatriz Costa transportava consigo a traquinice libertadora e modernista da primeira parte do século XX português.
Debaixo daquela franja desafiadora, estava uma mulher sensível e culta. Beatriz viajou e leu muitíssimo. As viagens a Itália, Espanha e França foram determinação na formação da sua personalidade cultural.
Ela gostava ainda de conviver com os seus amigos. Vieira da Silva, Almada Negreiros, Vinícius de Morais, Jorge Amado, Di Cavalcanti e Manuel Bandeira tiveram o privilégio de partilha o riso contagiante duma senhora que um dia chamou Alfama a um prédio que mandou construir em Ipanema (Brasil), mas que se tornou famosa por ter ocupado o mesmo quarto do Hotel Tivoli, em Lisboa, durante trinta anos.
Gabriel Vilas Boas.

2 comentários:

  1. BELÍSSIMO VÍDEO!!! " A AGULHA E O DEDAL "... BEATRIZ COSTA DEBAIXO DAQUELA FRAJINHA, ESTAVA UMA MULHER COM UMA PERSONALIDADE BEM VINCADA, MUITO SENSÍVEL E CULTA. EXCELENTE GABRIEL!!! GOSTEI... OBRIGADA.

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  2. Beatriz Costa tinha um feitio muito particular, mas era uma pessoa que contagiava tudo e todos. Fico contente por apreciares franjinhas. Praticas o estilo, Ana?

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