Etiquetas

sábado, 8 de março de 2014

FANTASPORTO

Monstros, gritos, sangue, fantasmas, medo – são imagens, sensações e personagens que percorrem o mais conhecido festival de cinema do país – o Fantasporto.
Criado em 1981 por Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira, o FANTASPORTO foi considerado pela revista Variety como um dos vinte e cinco festivais mais importantes do mundo. Esta mostra de cinema fantástico reúne todos os anos, no mês de fevereiro ou março, na cidade do Porto (normalmente no Teatro Rivoli) o que de melhor se fez no mundo do cinema fantástico no ano anterior. A seleção dos filmes é sempre criteriosa e procura não desiludir toda a legião de fãs deste género cinematográfico.
No final do festival é escolhido um filme vencedor. Ao longo dos anos, o Fantasporto consagrou filmes e realizadores que fazem do cinema fantástica uma forma de arte.   Um dos primeiros vencedores foi Luc Beson com o seu “Le dernier combat”(1984). A década de 90 fica marcada por vencedores como “Henry Portrait of a Serial Killer” de John MacNaughton (1991), “Cronos” de Gillermo del Toro (1994); “Retroactive” de Louis Morneau (1998). Já a primeira década do século XXI revela “Nothing” de Vincenzo Natali (2005) e “El Labirinto del fauno”, de Gillermo del Toro (2006).  No ano passado, o vencedor foi o filme “Mama” de Andrés Muschietti.
Entre os vários prémios distribuídos pelo festival, destaco o Prémio Carreira. Este prémio destinado a premiar a carreira cinematográfica dum realizador, ligado ou não ao mundo do cinema fantástico, já distinguiu cineastas como Manoel de Oliveira (duas vezes), António Pedro Vasconcelos, Inês de Medeiros ou Danny Boyle.
O cinema fantástico tem um público específico e especial. É gente que gosta de acontecimentos irreais, de ver monstros de várias formas e aprecia mortos a andar entre vivos e animais e pedras falantes.
O amante do cinema fantástico é aquele que hesita quanto à realidade do facto que o filme narra. Essa hesitação é fundamental. Por momentos, ele acredita que tudo aquilo pode ser real. Ele não vê a história fantástica como uma alegoria nem interpreta o filme como uma metáfora. Como diria o mestre da literatura fantástica, Todorov, “um evento fantástico só ocorre quando há dúvida se esse facto é real (explicado pela lógica) ou sobrenatural”. Ora é dessa hesitação que vive o espectador do Fantasporto. Ele vive o medo, a excitação, a adrenalina que o realizador transporta para a tela a partir dessa dúvida que deixa instalar no seu espírito. Acresce, ainda, a atracão temática e sensorial que estas histórias provocam num número incontável de amantes do cinema.
Entre os filmes fantásticos, aqueles que sempre me causaram maior impressão (digo impressão e não sedução) foram os de horror/terror. Sempre apreciei o modo como constroem o medo entre os espectadores. O artifício mais trabalhado é o prolongamento do tempo com o objetivo de criar suspense. Em muitos filmes, vemos que esse prolongamento deixa o espectador ansioso por perceber, por exemplo, que o monstro está omnipresente e que o destino da vítima está traçado, mas ele, espectador nada pode fazer. Quase todos os realizadores usam também a sombra e os ângulos de filmagens que transformam a câmara numa personagem para apenas sugerir o perigo. Contudo, o efeito que mais me arrepia é o da música acentuada, gradativa e criadora de suspense. Ela invade os meus sentidos e provoca uma sensação de medo brutal.
Neste ano, Mário Dorminsky foi particularmente feliz na seleção de filmes que fez para a 34.ª edição do Fantasporto. Durante dez dias, cerca de duzentos filmes, onde se destacam onze anteestreias mundiais, cinquenta e quatro filmes portugueses inéditos e um total de trinta e dois países representados no festival.
O “Fantas” abriu, nesta edição, uma nova secção – Fantas Classic -  este ano dedicada a Victor Fleming e que permitiu aos apreciadores rever “O Feiticeiro de Oz” e “Tudo o Vento Levou”, em versão restaurada.
Se “Vampire Academy” teve o privilégio de abrir o festival a 28 de Fevereiro, The Railway Man de Jonathan Teplitzky, com a grande Nicole Kidman e Colin Firth terá as honras de encerramento, hoje à noite. Há meia-noite começa o baile de máscaras dos vampiros que encerra o festival.

Entretanto já é conhecido do vencedor deste ano: “Miss Zombie” Hiroyuki Tanaka.
Gabriel Vilas Boas

1 comentário:

  1. O FANTASPORTO É CONSIDERADO UM FESTIVAL MUITO IMPORTANTE... DEVIDO AO SEU PUBLICO ESPECÍFICO E ESPECIAL!!! GOSTEI... PARABÉNS GABRIEL!!!

    ResponderEliminar