Monstros, gritos, sangue,
fantasmas, medo – são imagens, sensações e personagens que percorrem o mais
conhecido festival de cinema do país – o Fantasporto.
Criado em 1981 por Mário
Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira, o FANTASPORTO foi considerado pela revista
Variety como um dos vinte e cinco
festivais mais importantes do mundo. Esta mostra de cinema fantástico reúne
todos os anos, no mês de fevereiro ou março, na cidade do Porto (normalmente no
Teatro Rivoli) o que de melhor se fez no mundo do cinema fantástico no ano
anterior. A seleção dos filmes é sempre criteriosa e procura não desiludir toda
a legião de fãs deste género cinematográfico.
No
final do festival é escolhido um filme vencedor. Ao longo dos anos, o
Fantasporto consagrou filmes e realizadores que fazem do cinema fantástica uma
forma de arte. Um dos primeiros
vencedores foi Luc Beson com o seu “Le dernier combat”(1984). A década de 90
fica marcada por vencedores como “Henry Portrait of a Serial Killer” de John
MacNaughton (1991), “Cronos” de Gillermo del Toro (1994); “Retroactive” de
Louis Morneau (1998). Já a primeira década do século XXI revela “Nothing” de
Vincenzo Natali (2005) e “El Labirinto del fauno”, de Gillermo del Toro (2006).
No ano passado, o vencedor foi o filme
“Mama” de Andrés Muschietti.
Entre
os vários prémios distribuídos pelo festival, destaco o Prémio Carreira. Este
prémio destinado a premiar a carreira cinematográfica dum realizador, ligado ou
não ao mundo do cinema fantástico, já distinguiu cineastas como Manoel de
Oliveira (duas vezes), António Pedro Vasconcelos, Inês de Medeiros ou Danny
Boyle.
O
cinema fantástico tem um público específico e especial. É gente que gosta de
acontecimentos irreais, de ver monstros de várias formas e aprecia mortos a
andar entre vivos e animais e pedras falantes.
O
amante do cinema fantástico é aquele que hesita quanto à realidade do facto que
o filme narra. Essa hesitação é fundamental. Por momentos, ele acredita que
tudo aquilo pode ser real. Ele não vê a história fantástica como uma alegoria
nem interpreta o filme como uma metáfora. Como diria o mestre da literatura
fantástica, Todorov, “um evento fantástico só ocorre quando há dúvida se esse
facto é real (explicado pela lógica) ou sobrenatural”. Ora é dessa hesitação
que vive o espectador do Fantasporto. Ele vive o medo, a excitação, a
adrenalina que o realizador transporta para a tela a partir dessa dúvida que
deixa instalar no seu espírito. Acresce, ainda, a atracão temática e sensorial
que estas histórias provocam num número incontável de amantes do cinema.
Entre
os filmes fantásticos, aqueles que sempre me causaram maior impressão (digo
impressão e não sedução) foram os de horror/terror. Sempre apreciei o modo como
constroem o medo entre os espectadores. O artifício mais trabalhado é o
prolongamento do tempo com o objetivo de criar suspense. Em muitos filmes,
vemos que esse prolongamento deixa o espectador ansioso por perceber, por
exemplo, que o monstro está omnipresente e que o destino da vítima está
traçado, mas ele, espectador nada pode fazer. Quase todos os realizadores usam
também a sombra e os ângulos de filmagens que transformam a câmara numa
personagem para apenas sugerir o perigo. Contudo, o efeito que mais me arrepia é
o da música acentuada, gradativa e criadora de suspense. Ela invade os meus
sentidos e provoca uma sensação de medo brutal.
Neste
ano, Mário Dorminsky foi particularmente feliz na seleção de filmes que fez
para a 34.ª edição do Fantasporto. Durante dez dias, cerca de duzentos filmes,
onde se destacam onze anteestreias mundiais, cinquenta e quatro filmes
portugueses inéditos e um total de trinta e dois países representados no
festival.
O
“Fantas” abriu, nesta edição, uma nova secção – Fantas Classic - este ano
dedicada a Victor Fleming e que permitiu aos apreciadores rever “O Feiticeiro
de Oz” e “Tudo o Vento Levou”, em versão restaurada.
Se
“Vampire Academy” teve o privilégio de abrir o festival a 28 de Fevereiro, The Railway Man de Jonathan Teplitzky, com
a grande Nicole Kidman e Colin Firth terá as honras de encerramento, hoje à
noite. Há meia-noite começa o baile de máscaras dos vampiros que encerra o
festival.
Entretanto
já é conhecido do vencedor deste ano: “Miss Zombie” Hiroyuki Tanaka.
Gabriel Vilas Boas
O FANTASPORTO É CONSIDERADO UM FESTIVAL MUITO IMPORTANTE... DEVIDO AO SEU PUBLICO ESPECÍFICO E ESPECIAL!!! GOSTEI... PARABÉNS GABRIEL!!!
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