O
Carnaval é um acontecimento social, cultural, económico e artístico que não
deixa ninguém indiferente. É assim há vários séculos, em vários pontos do
globo, irradiando uma força impressionante que vai muito além das
circunstâncias ou dos tempos.
Talvez
porque o Carnaval revela algumas dimensões humanas que temos que esconder
durante quase todo o ano e que, por dias/horas, podemos exibir porque no
“Carnaval ninguém leva a mal”.
O
Carnaval é o tempo do prazer do corpo, do exibicionismo, do disfarce, da
crítica social e pessoal, da cor da dança. Uma amiga minha costuma dizer que é
“pecar sem ser pecado”. Essa ideia está presente duma maneira mais evidente no
Carnaval do Rio de Janeiro e dum modo mais subliminar no Carnaval de Veneza. Em
Portugal, o Carnaval é dominado pela ideia de crítica social e política.
De qualquer forma, parece-me
evidente que é um momento de libertação do corpo e da mente. As sociedades e as
pessoas precisam disso.
Curioso também notar que o Carnaval
é um fenómeno de cidades. No Brasil, o Rio, em Itália, Veneza e em Portugal,
temos Ovar e Torres Vedras.
Estamos perante Carnavais totalmente
diferentes, o que vai ao encontro das características psicológicas de cada
povo.
No Rio de Janeiro, onde o Carnaval
atrai um milhão de turistas, domina o samba. Tudo – as coreografias, os trajes
- é vivido duma maneira muito profissional e apaixonada. Há quase como que um
campeonato de escolas de samba e o povo sente a festa como uma extensão de si.
Impossível qualquer lei ou decreto abolir o Carnaval no Brasil. O Carnaval faz
parte do ADN brasileiro. Ano após ano, o mundo rende-se a esta festa de que os
brasileiros são os principais intérpretes.
Em Portugal, é um pouco diferente. O
povo gosta de ver, não de participar. A vergonha sobrepõe-se à vontade de
extravasar as sensações do corpo. Por isso temos um Carnaval de crítica social.
Rimos dos políticos, das pretensas figuras públicas, de alguns defeitinhos que
temos. Mas qualquer intempérie nos afasta do corso. Infelizmente não somos um
país de Carnaval.
No
entanto, o Carnaval que mais admiro e mais me seduz é o Carnaval de Veneza. A
máscara é muito mais que um disfarce. É beleza pura, sedução irresistível, vaga
alusão ao interdito sem castigo que Casanova imortalizou. O Carnaval de Veneza
cria uma atmosfera de mistério a que ninguém fica indiferente. Depois temos o
requinte dos vestidos e fatos a lembrar festas de palácios antigos. O Carnaval
de Veneza é um baile de máscaras a céu aberto que atrai centenas de milhares de
pessoas à bela cidade italiana dos canais e das gôndolas.
Gabriel Vilas Boas
ADORO O CARNAVAL DE VENEZA... PELA BELEZA, SEDUÇÃO IRRESISTÍVEL, REQUINTE E MISTÉRIO!!! PARABÉNS GABRIEL.
ResponderEliminarObrigado, Ana. O Carnaval de Veneza é como tu dizes "um pecado desejado".
ResponderEliminarEspetacular!... Não há palavras. Continuem...
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