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terça-feira, 25 de março de 2014

AO SOM DE... RICHARD STRAUSS

Ontem à tarde, a caminho da Biblioteca Municipal de Amarante ouvi, vinda do interior da Igreja de S. Gonçalo, a música de R. Strauss. Parei, debrucei-me no muro de granito que dá para a entrada principal do mosteiro e constatei que se tratava da música escolhida para a entrada de uma noiva, que caminhava lentamente, pelo braço do pai, suponho, até ao altar onde o noivo a esperava. Ouviam-se os timbales, os trompetes e toda a restante orquestra, na introdução do poema sinfónico Assim falava Zaratustra, que ficou célebre, ou melhor, que se popularizou, depois de ter sido escolhido por Stanley Kubrick para a banda sonora do filme 2001 Odisseia no Espaço.
De facto, Assim falava Zaratustra, o livro do filósofo alemão Friedrich Nietzsche escrito entre 1883 e 1885, viria a influenciar todo o mundo moderno de forma tão significativa que influenciou Richard Strauss a compor uma sinfonia com o mesmo nome, em 1896. Trata-se, na realidade de um poema sinfónico baseado no tratado filosófico de Nietzsche, escrito em forma de sinfonia, para ser interpretado por uma orquestra. Esta belíssima música, inspirou Kubrick no século XX, e pelo menos uma noiva no século XXI.
Tal como o Lied, aqui referido a semana passada, também o poema sinfónico teve origem na Alemanha, no século XIX, em pleno romantismo. Inicialmente foi bastante explorado por F. Liszt e mais tarde por R. Strauss. A sinfonia é normalmente escrita em quatro ou três andamentos, o que parece corresponder a esta peça, que apesar de estar dividida em nove secções, tantas quantos os capítulos do livro, só apresenta três pequenos intervalos.
Preâmbulo de Zaratustra
Aos trinta anos apartou-se Zaratustra da sua pátria e do lago da sua pátria, e foi-se até à montanha. Durante dez anos gozou por lá do seu espírito e da sua solidão sem se cansar. Variaram, porém, os seus sentimentos, e uma manhã, erguendo-se com a aurora, pôs-se em frente do sol e falou-lhe deste modo:
-“Grande astro! Que seria da tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas? Faz dez anos que te abeiras da minha caverna, e, sem mim, sem a minha águia e a minha serpente, haver-te-ias cansado da tua luz e deste caminho…

Esta é a proposta de audição desta semana. Assim falava Zaratustra, começa precisamente com o tema do amanhecer tirado do preâmbulo de Zaratustra, cujo texto acompanha a partitura.
Margarida Assis

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