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sábado, 22 de novembro de 2014

KATHARINE HEPBURN





Há poucos dias, a minha querida amiga Rosa Maria Fonseca desafiou-me a dedicar um artigo, neste blogue, a Katharine Hepburn. Hoje respondo a esse desafio.
Para os mais jovens, o nome desta atriz norte-americana pode dizer pouco, mas ela é “apenas” a atriz mais galardoada com os famosos Óscares de Hollywood. Katharine arrebatou quatro estatuetas de melhor atriz. Um feito único até aos dias de hoje.
Quando revemos algumas imagens da sua juventude, percebemos que foi uma mulher extremamente bela. A essa beleza juntou um talento artístico para a representação fora de série que tornou possível uma carreira cinematográfica de sessenta anos. Se pensarmos que Katharine conquistou o seu primeiro óscar aos vinte e cinco anos, o segundo e o terceiro quando atingiu os sessenta e a quarta estatueta de melhor atriz quando se preparava para soprar setenta e cinco velas, percebemos claramente que a excelência marcou toda a sua carreira no mundo do cinema.


A mulher, que nunca foi vista a receber pessoalmente nenhum dos seus Óscares, tinha um porte e uma pose aristocráticos. Ambos  foram herança da família abastada, de Nova Inglaterra, em que cresceu. O carácter firme, próprio de uma pessoa emancipada e independente, recorda a personalidade da mãe, defensora determinada dos direitos das mulheres. O curioso é que também os papeis representados no cinema e no teatro por esta estrela da arte da representação espelham bem estes traços físicos e psicológicos.



Nascido em Hartford, a 12 de maio de 1907, concluiu, em 1928, a licenciatura em artes dramáticas, dando início, imediatamente, à sua carreira como atriz de teatro.
Já depois de ter ganho boa reputação em produções da Broadway, experimentou o cinema, participando em “Vítimas do Divórcio”, 1932.
A estreia de Hepburn na Sétima Arte foi concretizada pela mão de George Cukor, talvez o realizador que melhor a entendeu, pelo menos, dirigiu oito filmes em que a atriz participou, entre os quais alguns bem marcantes na carreira de Hepburn: “As Quatro Irmãs”, 1933; “Sylvia Scarlett”, 1935; “A Irmã da Minha Noiva”, 1938; “Casamento Escandaloso”, 1940; “A Costela de Adão”, 1949; “A Mulher Absoluta”, 1952.

Mulher de personalidade forte, nunca aceitou papeis menos dignos, o que a levou, em 1938, a romper com o estúdio RKO e a regressar à Broadway. Isto já depois de ter recebido o primeiro dos seus quatro Óscares, relativo ao seu desempenho em “Glória de um Dia”, 1933.
A ligação de Hepburn a Cukor (coincidentemente ou não foi pela mão deste realizador que ela regressou, em 1940, a Hollywood) é ainda superada pela relação entre a atriz e o ator Spencer Tracy.   Tracy foi o grande amor da sua vida e com ela protagonizou um romance duradoiro, mas nunca assumido publicamente, até porque o ator era casado. Dentro dos ecrãs, os dois protagonizaram nove filmes juntos.

Um dos momentos mais altos do amor alimentado em frente às câmaras foi o desfecho da película “A Primeira Dama”, 1942, no qual o macho-tipo dos ecrãs (Spencer) é dominado por uma feminista (Hepburn). Tratou-se duma exceção, na tendência que, durante os anos 40 e 50, marcou os produtos de Hollywood.
Entre muitos outros prémios, como os que lhe foram dados em Cannes, Hepburn ganhou quatro Óscares como Melhor Atriz (“Glória de um Dia”, 1933; “Adivinha Quem Vem Para Jantar”, 1967; “Um Leão no Inverno”, 1968; “A Casa do Lago”, 1981), entre doze nomeações, o que corresponde a um record.

Hollywood distinguiu uma mulher que escapou ao perfil habitual das suas estrelas, fazendo justiça a uma atriz que levou até ao final da sua carreira a dignidade e a vitalidade demonstradas desde os primeiros tempos.
Gabriel Vilas Boas

sábado, 22 de março de 2014

JACK NICHOLSON, melhor é quase impossível

Jack Nicholson é um ator fabuloso.
Não apenas por ser o mais galardoado homem de Hollywood ou ter já uma dúzia de nomeações para os óscares ou ser um dos únicos atores que, durante cinco décadas, conseguiu obter uma nomeação para óscar em todas elas, mas, sobretudo por assinar uma carreira artística produtiva, versátil e extraordinária. Os prémios apenas lhe fazem justiça.
Nicholson nunca foi um sex-symbol do cinema; os heróis da história costumavam ser os outros e não se pode dizer que desde miúdo se percebia que estávamos perante um predestinado da representação. Mesmo assim, ele chega ao século XXI e é uma lenda da sétima arte.
                A sua ligação ao cinema começou pela base, pois o seu primeiro emprego foi o de paquete nos estúdios da MGM. As aulas de arte dramática e os conhecimentos que foi travando abriram-lhe a possibilidade de se estrear como ator em 1958, no filme The Cry Baby Killer. Uma década mais tarde tem a sua grande oportunidade em Easy Rider. Aproveitou-a na plenitude, sendo nomeado para óscar, na categoria de ator secundário.
Jack tornava-se uma estrela em ascensão e haveria de ser um habituée das galas de Hollywood. Já nomeado para a categoria de melhor ator, o seu nome foi pronunciado sucessivamente em 1970 (“Destinos Opostos”), 1973 (“O Último Dever”) e 1974 (“Chinatown”). Nicholson não deixa dúvidas a ninguém: era um ator de mão cheia e os seus méritos dramáticos não ofereciam dúvidas a ninguém. Em 1974, o festival de Cannes premiou-o na categoria de melhor ator pelo seu desempenho em “O Último Dever”, o que antecipou a consagração em 1975, quando ganhou o óscar de melhor ator com o filme “Voando sobre um ninho de Cucos”, onde teve uma atuação surpreendente e ímpar, superando as melhores expectativas.
                Se antes deste filme (e também depois), Jack era apontado como um dotado para encarnar a figura do vilão, o papel de McMurphy parece ter vindo a calhar. Ainda hoje é difícil imaginar outro ator que não Jack Nicholson para vestir a pele daquele rebelde, meio louco, que instala a revolta no interior duma instituição psiquiátrica para onde foi remetido quando se fez passar por doente mental para escapar da prisão.
                A década de 80 trará novas nomeações: Reds, Laços de Ternura, A Honra dos Padrinhos, Estranhos na Mesma Cidade. No entanto, só subiu ao palco uma vez para receber o óscar de melhor ator secundário em “Laços de Ternura” (1983).
                A nomeação para a mesma categoria pelo seu papel em “Uma Questão de Honra”, 1996, também não lhe trouxe novo óscar, mas isso em nada abalou o prestígio de Nicholson, como não lhe estragaram o currículo as participações em películas como Batman (1989), na qual esteve excelente na pele de Joker.
                Não obstante, Jack Nicholson haveria de voltar à ribalta pouco tempo depois, quando arrecada o seu terceiro óscar pela sua superlativa interpretação em "As good as it gets" – “Melhor é impossível”, onde surge sublime no papel de um escritor de romances de sucesso, racista, homofóbico, misantropo e antissemita. Nesse filme, Nicholson contracena com Helen Hunt que vence na categoria de melhor atriz. Curiosamente o mesmo fenómeno já tinha acontecido em 1975, quando Jack Nicholson brilhou e fez brilhar Louise Fletcher em “Voando Sobre um Ninho de Cucos”.
                A primeira década deste século não trouxe mais nenhum óscar, mas as nomeações não deixaram de existir: About Schmidt (2002) e The Departed (2006) mostram que o monstro ainda está vivo, apesar de faltar um mês para completar 77 anos.
Quando olhamos para a sua carreira, quase que apetece citar o título do seu último grande triunfo: “Melhor é Impossível”.
Gabriel Vilas Boas

sábado, 1 de março de 2014

AND THE OSCAR GOES TO...

Hollywood, 11 de maio de 1927. Louis B. Mayer, o homem forte da MGM propõe a criação dum prémio destinado a distinguir o que de melhor se viesse a fazer na indústria cinematográfica. Logo o diretor artístico da MGM, Cedric Gibbons, pegou numa folha de papel e esboçou a figura de um guerreiro nu, segurando uma espada com as duas mãos, colocado em pé em cima duma bobina de cinco buracos, correspondendo aos cinco ramos fundadores da Academia (atores, realizadores, produtores, técnicos e argumentistas).


A ideia de Meyer e o desenho de Gibbons (posteriormente esculpido por George Stanley) foram aprovados por aclamação. Estava criado o prémio que, anos mais tarde,  viria a chamar-se ÓSCAR.
A 16 de maio de 1929, numa cerimónia que não demorou mais de cinco minutos, foram entregues os primeiros prémios da Academia, atribuídos em função dos filmes realizados em 1927 e 1928. Por mais cinco edições foi mantida a fórmula bianual. Em 1935 (com a entrega dos Óscares relativos a 1934) foi adotado o esquema que ainda hoje perdura.
A 2 de março de 2014, decorrerá a 86.ª cerimónia de entrega de Prémios da Academia. Hollywood distinguirá os melhores do cinema em 2013 e entregará mais de duas dezenas de estatuetas que premiarão atores, atrizes, realizadores, filmes, bandas sonoras, argumentos originais e adaptados, curtas e longas-metragens, documentários e canções originais, figurinos e efeitos especiais.
                Aquela pequena estatueta de 35 centímetros, banhada a ouro é o objetivo de milhares e milhares de atores, atrizes, realizadores, técnicos de luz e de música, produtores. Por ela, muito dinheiro foi investido, muitos realizaram autênticos prodígios de interpretação fazendo sonhar milhões de pessoas em todo o mundo.
                Hollywood, a cidade sagrada do cinema, certifica todos os anos os heróis da sétima arte. Obter uma nomeação para Óscar é já uma honra que está apenas ao alcance de poucos, mas ganhar um Óscar é algo de tão raro e precioso que muito poucos são aqueles que se podem gabar de ter em casa duas estatuetas. Entre os deuses e deusas que Hollywood consagrou destacam-se três atrizes (Katharine Hepburn, Ingrid Bergman e Meryl Streep) e um ator (Jack Nickolson).
A americana K. Hepburn ainda é a mais galardoada de sempre, com quatro estatuetas (1934, 1968, 1969 e 1982), mas Meryl Streep, que ganhou em 1980, 1983 e 2012, pode alcançá-la, pois é uma das nomeadas da edição deste ano, na sequência da sua interpretação em “Um quente agosto”. Pelo meio fica a deusa sueca Ingrid Bergman que arrecadou a estatueta dourada tês vezes (1945, 1957, 1975). Do lado masculino, apenas Jack Nickolson venceu três vezes: 1975, 1987 e 1997. Em todos os casos, podemos verificar que se trata de autênticos monstros sagrados do cinema, pois ganharam o prémio como jovens, como adultos e como velhos atores, o que atesta toda a sua predestinação para a representação.
O mundo do cinema não é só dos atores e das atrizes é também dos realizadores e, nesta área, Walt Disney destaca-se entre todos. Vinte e dois óscares e cinquenta e nove nomeações são um recorde que muito dificilmente será batido por alguém.
Quanto aos filmes, o record de estatuetas está na posse dum trio: Ben-Hur (1960), Titanic (1998) e Lord of Kings (2004) – todos com onze estatuetas, todos grandes produções cinematográficas que arrasaram a concorrência.

Este ano, o grande candidato é “Golpada americana” de David O. Russell. “Golpada americana” é um exemplo de realização. David Russell reuniu um elenco fantástico de atores (Christian Bale, Bradley Cooper, Jnnifer Lawrence e Amy Adams) e soube dar-lhe a liberdade que o seu génio pedia. Nenhum desiludiu e todos eles estão nomeados para melhor ator/atriz principal e secundário. Mas para que a conjugação astral fosse realmente perfeita faltava um elemento fulcral: o argumento. “Golpada Americana” é a história do vigarista Irving Rosenfeld (Bale) e da companheira Sydney Prosser (Adams), que, de um momento para o outro, acabam por ter de trabalhar para o FBI, concretamente, para o ambicioso Richie DiMaso (Cooper). Devido a Rosalyn Rosenfeld (Lawrence), o mundo de todos desmorona num caso que vai abalar a vida política de New Jersey, mas também a Máfia norte-americana. Política, corrupção, amor, traição, vigarice, humanidade, verdade e mentira. “Golpada Americana” retrata com nostalgia os inesquecíveis anos 80, o seu vestuário, os seus costumes, as suas músicas, os seus crimes… Impossível a América não gostar de si.
Talvez Leonardo Di Caprio em “O Lobo de Wall Street” arrebate o óscar de melhor ator que há muito lhe pisca o olho e Cate Blanchett, em “Blue Jasmine”, receba o prémio de melhor atriz, mas seria uma grande surpresa se alguém desse um golpe à “Golpada Americana”. Daqui a algumas horas, milhões em todo o mundo susterão a respiração por um segundo “And the Oscar goes to….”



Gabriel Vilas Boas