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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

RAJOY, O INÁBIL, MARCOU PERIGOSO GOLO NA PRÓPRIA BALIZA


Mandar doze mil guardas-civis para a Catalunha, a fim de impedir um referendo, que afinal se realizou, foi a pior maneira de defender a Espanha dos ataques independentistas de Barcelona. Rajoy achou que podia ser um elefante, numa loja de porcelanas, que isso não traria consequências de maior. Trouxe já algumas e trará outras, em breve.
Para já conseguiu o impensável – 90% dos catalães, que ontem se dirigiram às urnas de voto, querem a independência. Nunca pensei que excedesse os 60%, mas as desesperadas decisões do primeiro-ministro espanhol fizeram subir em flecha o «Sim» indignado dos catalães.

Com 50% a 60%, Rajoy podia especular com a divisão da Catalunha, podia abrir mão de pouco em troca do essencial; com o resultado esmagador de ontem, Rajoy tem um problema sério. O voto dos catalães é uma vontade inequívoca de gente esclarecida. Foi feito também para constituir um sinal e um compromisso com a Europa.
Como muito bem fez notar o presidente do Governo Regional da Catalunha, Puigdemont, os catalães ganharam o direito a serem ouvidos e isso significa o início de um processo de independência. Ao contrário do que aconteceu com os bascos, desta vez, não foram os independentistas a partir para a violência injustificada.


Mais de oitocentos feridos, imagens de violência sobre idosos, ameaças aos moços de esquadra! O governo de Madrid perdeu o tato político. A Guarda Civil espanhola não foi a Barcelona impedir referendo nenhum, mas antes dar força aos independentistas. O governo espanhol embaraçou os seus aliados e agora todos temem que não tenham habilidade suficiente para desatar este nó.
Os catalães não odiavam a Espanha, mas apenas Madrid. Era (ainda é?) possível convencê-los a permanecer de bom grado, porque a companhia dos galegos, bascos, andaluzes também funcionaria com fator de unidade. Agora eles parecem decididos a partir. Talvez não o consigam fazer como imaginam, nem sem dor, mas o seu coração já começa a dizer adeus.

GAVB

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