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domingo, 3 de junho de 2018

TODOS O QUEREM FORA MAS ELE RECUSA-SE A SAIR

Nos dias que correm, os adeptos sportinguistas suspiram pela saída do seu tresloucado presidente; há uns meses, os socialistas portugueses coravam de vergonha sempre que tinham de se confrontar com mais uma notícia sobre José Sócrates e, hoje, leio que, em Espanha, poucos são aqueles que, no Partido Popular espanhol, querem a permanência de Rajoy, mas todos temem que ele continue.

       
Saber sair de cena é uma virtude rara, mas se estivermos a falar de ditadores, egocêntricos e teimosos tal torna-se uma miragem. Ninguém gosta de perdedores, de corruptos que se deixam apanhar, de gente que perde o controle da situação.

      Bruno de Carvalho, Sócrates ou Rajoy já dominaram o contexto, a informação e até os críticos. No momento em que foi impossível continuar a fazer a quadratura do círculo, os  mesmo que freneticamente os apoiaram, afiaram os dentes e trituram os ídolos de outrora, com a mesma ferocidade com que os idolatraram.

   
Como podem passar eles impunes? Não foi o seu oportunismo e cegueira que deixou crescer o maníaco, o corrupto e o egocêntrico? É óbvio que ele não percebe como querem agora que saía, se, na prática está a fazer o mesmo que fazia quando jorravam aplausos de todos os lados. No entanto, há uma pequena diferença: agora ele foi apanhado, agora ele é um perdedor, agora os adversários conseguem fazer frente aos seus truques sujos.

    A custo lá sairão de cena, mas a cena há de repetir-se uns meses adiante, porque a semente do mal não está apenas neles, mas também em quem os fez nascer e desenvolver. 
    Haverá um período de nojo, para se limpar a porcaria mais indecente, mas a memória curta de uma sociedade demasiado viciada em vitórias fáceis e instantâneas, não demorará muito a voltar a dar palco e poder a mais um canalha sedutor.

GAVB


domingo, 29 de outubro de 2017

O SEPARATISMO CATALÃO DERROTA-SE NAS URNAS E NÃO COM AMEAÇAS NEM DETENÇÕES



Rajoy, o primeiro-ministro espanhol, pode até ser um bom governante, mas é um péssimo político e o que a Espanha precisa, nesta altura delicada da sua existência, é de um hábil político, capaz de fazer os compromissos e as pontes necessárias entre as diversas regiões autonómicas espanholas, de maneira a preservar a integridade do território e a coesão do povo.
Rajoy tem a legitimidade legal por si, tem o apoio do rei e da maioria do povo e também o suporte de toda a comunidade internacional. E que faz ele com toda essa força? Ameaça prender Puigdemont. Que infantilidade política.


Numa altura em que uma sondagem recente mostra que mais de 55% da população da Catalunha não é favorável à separação da Catalunha resto da Espanha e em que há eleições marcadas para daqui a sete semanas, o que há a fazer é levar o líder dos separatistas, Puigdemont, às urnas e derrotá-lo na arena democrática. É a única maneira de Rajoy tem de defender a Espanha, a constituição, a coroa, a paz na Europa.
Isso seria admitir que as eleições abrem a possibilidade à independência? De uma maneira implícita, sim! Mas abrirão sempre. Com que legitimidade fica Rajoy perante o povo catalão se os partidos separatistas se candidatarem e obtiverem, por exemplo, 80% dos votos?

As eleições na Catalunha são uma oportunidade para Rajoy derrotar as ideias independentistas, mas para isso ele precisa de mudar de discurso e de ação, além de não permitir que Puigdemont deserte ou se faça de vítima.
Ainda hoje, o Secretário de Estado da Bélgica ofereceu asilo político a Puigdemont. Será que Rajoy não percebe que há muitos lobos à espera que falhe a sua missão? Goste muito ou pouco, Puigdemont representa mais de 40% do povo catalão desejoso de independência. Se Rajoy fizer dele uma vítima, um mártir, a percentagem só tende a aumentar.

GAVB

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A CATALUNHA É O FILHO DE 18 ANOS QUE QUER SAIR DE CASA



A frase é do controverso Gerard Piqué, jogador do F.C. Barcelona, um assumido independentista, que nos últimos dias tem sido fortemente insultado, contestado e instado a abandonar a seleção espanhola, dado o assumido independentismo catalão que nos últimos dias voltou a professar com convicção.


Podemos acusar Piqué de tudo (provocador, divisionista, arrogante…) mas nunca o poderemos acusar de hipocrisia. Nunca gostei muito de Piqué, sobretudo pela maneira acintosa como provocava Madrid, desprezando quanto isso feria toda a Espanha, mas nos últimos dias tenho de reconhecer que o vejo com outros olhos. Sobretudo, pela coragem e lucidez com que abordou o caso do referendo, partindo do seu emblemático caso pessoal. 

Voltou à frase de Piqué e completo-a: “A Catalunha é o filho de 18 anos que quer sair de casa. O governo de Espanha tem que se sentar e falar com o filho, ou ele vai embora.” 

Piqué tem razão! O governo espanhol tem mesmo que se sentar com o seu filho rebelde. Ele já é maior de idade. Não o pode tratar como um miúdo, porque pior do que perder a sua presença é perder o seu coração e a sua alma. E essa ainda é resgatável. É o próprio Piqué que implicitamente o admite. 


Se Rajoy e  Filipe VI se limitaram a ser filhos de Franco, então a maioria silenciosa cairá para o lado dos independentistas. Ainda há tempo e algum espaço de manobra, mas não é possível empurrar, com a barriga, o problema nem pensar que isto passará. 90% dos que votaram querem a independência. Não me digam que todos estes são uns inconscientes e não sabem o que fazem, que não é verdade. 
A janela de oportunidade do governo e do Rei de Espanha são os 57% que se abstiveram. São elas que podem dizer que o referendo não é vinculativo e são eles os parceiros de Espanha na Catalunha que Filipe VI tem de convocar e convencer, mostrando que permanecer é mais vantajoso que partir. 

Piqué disse que a Catalunha é um filho de Espanha. É por aí que Filipe e Letícia têm de começar a sua luta de defesa da unidade de Espanha.

GAVB

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

RAJOY, O INÁBIL, MARCOU PERIGOSO GOLO NA PRÓPRIA BALIZA


Mandar doze mil guardas-civis para a Catalunha, a fim de impedir um referendo, que afinal se realizou, foi a pior maneira de defender a Espanha dos ataques independentistas de Barcelona. Rajoy achou que podia ser um elefante, numa loja de porcelanas, que isso não traria consequências de maior. Trouxe já algumas e trará outras, em breve.
Para já conseguiu o impensável – 90% dos catalães, que ontem se dirigiram às urnas de voto, querem a independência. Nunca pensei que excedesse os 60%, mas as desesperadas decisões do primeiro-ministro espanhol fizeram subir em flecha o «Sim» indignado dos catalães.

Com 50% a 60%, Rajoy podia especular com a divisão da Catalunha, podia abrir mão de pouco em troca do essencial; com o resultado esmagador de ontem, Rajoy tem um problema sério. O voto dos catalães é uma vontade inequívoca de gente esclarecida. Foi feito também para constituir um sinal e um compromisso com a Europa.
Como muito bem fez notar o presidente do Governo Regional da Catalunha, Puigdemont, os catalães ganharam o direito a serem ouvidos e isso significa o início de um processo de independência. Ao contrário do que aconteceu com os bascos, desta vez, não foram os independentistas a partir para a violência injustificada.


Mais de oitocentos feridos, imagens de violência sobre idosos, ameaças aos moços de esquadra! O governo de Madrid perdeu o tato político. A Guarda Civil espanhola não foi a Barcelona impedir referendo nenhum, mas antes dar força aos independentistas. O governo espanhol embaraçou os seus aliados e agora todos temem que não tenham habilidade suficiente para desatar este nó.
Os catalães não odiavam a Espanha, mas apenas Madrid. Era (ainda é?) possível convencê-los a permanecer de bom grado, porque a companhia dos galegos, bascos, andaluzes também funcionaria com fator de unidade. Agora eles parecem decididos a partir. Talvez não o consigam fazer como imaginam, nem sem dor, mas o seu coração já começa a dizer adeus.

GAVB