Rajoy, o primeiro-ministro espanhol, pode até ser um bom
governante, mas é um péssimo político e o que a Espanha precisa, nesta altura
delicada da sua existência, é de um hábil político, capaz de fazer os
compromissos e as pontes necessárias entre as diversas regiões autonómicas
espanholas, de maneira a preservar a integridade do território e a coesão do
povo.
Rajoy tem a legitimidade legal por si, tem o apoio do rei e
da maioria do povo e também o suporte de toda a comunidade internacional. E que
faz ele com toda essa força? Ameaça prender Puigdemont. Que infantilidade
política.
Numa altura em que uma sondagem recente mostra que mais de 55% da população da Catalunha não é favorável à separação da Catalunha resto da Espanha e em que há eleições marcadas para daqui a sete semanas, o que há a fazer é levar o líder dos separatistas, Puigdemont, às urnas e derrotá-lo na arena democrática. É a única maneira de Rajoy tem de defender a Espanha, a constituição, a coroa, a paz na Europa.
Isso seria admitir que as eleições abrem a possibilidade à
independência? De uma maneira implícita, sim! Mas abrirão sempre. Com que
legitimidade fica Rajoy perante o povo catalão se os partidos separatistas se
candidatarem e obtiverem, por exemplo, 80% dos votos?
As eleições na Catalunha são uma oportunidade para Rajoy
derrotar as ideias independentistas, mas para isso ele precisa de mudar de discurso
e de ação, além de não permitir que Puigdemont deserte ou se faça de vítima.
Ainda hoje, o Secretário de Estado da Bélgica ofereceu asilo
político a Puigdemont. Será que Rajoy não percebe que há muitos lobos à espera
que falhe a sua missão? Goste muito ou pouco, Puigdemont representa mais de 40%
do povo catalão desejoso de independência. Se Rajoy fizer dele uma vítima, um
mártir, a percentagem só tende a aumentar.
GAVB
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