Muitas Escolas (provavelmente será mais verdadeiro dizer “muitos
diretores”…) clamam pela autonomia escolar. Adoravam poder ser elas a escolher
o curriculum, os professores, o peso de cada disciplina no horário dos alunos.
Adoravam ser elas (ou eles…) a poder gerir o dinheiro, a ter o poder. À parte disto não têm nenhuma ideia sobre autonomia da sua Escola.
Se lhes perguntássemos o que diferenciava a sua Escola das
demais que justificasse essa bendita autonomia, o mais certo era gaguejarem ou
então lá nos atirariam com uma caracterização sócio-económica da região, a
comparação da média dos resultados obtidos pelos alunos do agrupamento face à
média nacional, as suas ideias para convergir resultados, bláblá bláblá… Querem
a autonomia porque sim, ou melhor, porque ficam eles a mandar e com mais poder.
Bastava que lhes disséssemos que lhes dávamos a autonomia na condição de deixarem
o poder que todo o empenho se ia num fósforo.
Voltemos ao principal: a autonomia é boa ou má? Em
teoria e executada por quem sabe é algo
de magnífico e que pode ter implicações profundas na vida dos alunos e da
comunidade onde eles estão inseridos, no entanto muito poucas escolas estão em
condições para a receber e implementar.
A autonomia
faz sentido para aquelas escolas/agrupamentos que têm cultura de escola, ou
seja, que têm um Projeto Educativo diferenciador, sustentado e que já
provou.
Diria que são aquelas escolas que os alunos procuram por
causa da oferta formativa de qualidade, onde a Cultura Geral casa na
perfeição com a Especialização; onde os professores são referências respeitadas
nas áreas que ensinam, onde existem laboratórios e salas de aulas apetrechadas
com material necessário à prática daquilo que se ensina. Obviamente isto não
quer dizer pufes nem tabletes gigantes apenas com a função lúdica.
Querem um exemplo disto: a Escola Artística Soares dos Reis, no Porto. Toda a organização faz sentido e foi pensada em torno de um objetivo. É uma Escola de Artes que assume o seu Projeto Educativo de forma plena e conduz o seu investimento de maneira a concretizá-lo. É uma Escola com personalidade, com cultura de escola, com uma autonomia lógica. Os alunos sabem para onde vão, conhecem o projeto da escola e procuram-na em função disso.
O nome da Diretora é irrelevante, mas o projeto não. Quando
isto for assim com a maioria das escolas que se atropelam à porta do Ministério
da Educação em busca de autonomia, então teremos a tal viragem que todos
anseiam na Educação em Portugal. Por enquanto vamo-nos consolando com Escolas
TEIP e quem lá ensinou sabe perfeitamente para o que elas servem.
GAVB
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