Não é que alguma vez o governo minoritário
do PS tenha encantado o país, mas a mão protetora do presidente Marcelo e a
geringonça parlamentar de esquerda, tornaram o governo de António Costa um
projeto de governação interessante.
O governo de Costa estabilizou a banca
(ainda que a tenha entregado praticamente aos espanhóis); acabou com a
imoralidade do ensino privado pago pelos impostos públicos; cumpriu as metas
financeiras decretadas por Bruxelas; devolveu, aos solavancos, alguns dos
direitos e proveitos retirados em tempos de troika.
E o povo, tal como Marcelo, foram
generosos com o PS de Costa: quase maioria absoluta nas sondagens; vitória contundente
nas eleições autárquicas; um PR amigo; uma oposição suicida à direita e contida
à esquerda.
Mesmo assim o governo espetou-se por
completo durante os últimos meses, por causa dos incêndios. E foi um desastre
enorme, que custou a vida a mais de cem pessoas e milhões de euros aos cofres
do Estado.
As tragédias que marcaram a negro a época
dos incêndios, em Portugal, mostram claramente que o governo não sabe como se
faz. Incompetência pura, em áreas essenciais, como a da Proteção Civil.
Não é azar, não é a oposição ou os media,
mas apenas decisões erradas, tomadas reiteradamente, em assuntos da maior
importância para o país.
Há duas semanas, Costa tinha o país na mão
e podia falar grosso para o BE e o PCP, nas negociações do Orçamento de Estado
de 2018; hoje, está nas mãos do BE e dos comunistas para não ser corrido de São
Bento com um pontapé no rabo. Há quinze dias, a maioria absoluta estava ao
virar da esquina; a partir de agora parece quase uma miragem. Há poucos dias, o
país sorria com os descongelamentos enganosos das progressões na Função
Pública; hoje mostra-se profundamente desencantado com a governação.
Não é má
sorte. A competência não é geringonciável.
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