Etiquetas

terça-feira, 3 de outubro de 2017

LEVAR O MUSEU PARA O SHOPPING


O Centro Comercial representa a modernidade, a beleza atual e a novidade enquanto Museu nos traz a Arte que se tornou imortal. Parecem mundos opostos, feitos para públicos distintos e ritmos de vida quase inconciliáveis.
O desafio é juntá-los. Respondendo a este desafio, o Centro Comercial Amoreiras (Lisboa) e o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) decidiram expor em vários espaços do Amoreiras  31 réplicas de quadros importantes do acervo do MNAA.
Quem for ao Amoreiras entre 4 de Outubro e 5 de Novembro encontrará cópias de quadros de Düer ( o mais reconhecido pintor do renascimento nórdico), de Pieter Bruegel, o Jovem; ou do alemão Hans Menling. Deve ser reconfortante saber que entre uma compra e um café com um amigo podemos repousar os olhos num “São Jerónimo” ou “A Virgem e o Menino”.

É certo que são réplicas e nenhum verdadeiro apreciador de arte dispensa a minuciosa observação dos originais, mas esta iniciativa dirige-se aos “outros”, ou seja, aqueles que raramente vão a um museu e que o acham o perfeito ícone do passado e algo sem graça. Felizmente, a administração do Amoreiras acha os quadros do MNAA algo muito fashionable.
Considero muito interessante esta iniciativa conjunta MNAA/C.C. Amoreiras, desde que ela só tenha um interesse cultural. É importante que o Amoreiras saiba reconhecer o estatuto social da Arte e trate com classe estas réplicas de quadros famosos do MNAA.
A Arte e os Museus têm tudo a ganhar quando se abrem ao exterior. Mostrar as suas joias (ainda que falsas) é a melhor maneira de atrair o bandido ao seu território. O Centro Comercial pode ser a sedução perfeita para uma visita guiada aos originais guardados no Museu – uma espécie de descoberta maravilhosa de um mundo onde o benefício é de quem olha com tempo e prazer.

GAVB

Sem comentários:

Enviar um comentário