É assustadora a forma como o Relógio manda na nossa vida.
Condiciona-a, determina-a, faz escolhas por nós.
Na maioria das vezes nem damos conta de modo como o Tempo se
tornou num senhor déspota e cruel que nos obriga a obedecer absurdamente a um código
de conduta que nunca conduzirá a uma vida feliz.
O Tempo não está ao nosso dispor, mas nós somos capazes de
o servir cegamente, sem vacilar.
Por que razão o fazemos? Porque perdemos a noção que o
Tempo é eterno em contraponto com a finitude do ser humano. Vemos o mundo, as
coisas e a nós próprios à escala infantil e não em perspetiva. Esse é um erro crasso,
de que só tomamos consciência e tentamos, em vão, combater, quando o buraco está
aberto e o destino de cada um traçado.
Um relógio ou um calendário é apenas um modo de
organizarmos algo infinito. Como é infinito não vai acabar amanhã (ao contrário
do que nos pode acontecer) e por isso não devemos ser nós a servi-lo, mas ele a
estar ao nosso dispor.
A relação que cada individuo tem com o Tempo, a importância
que lhe atribui e a maneira como o gere é um aspeto fundamental na felicidade
de cada um.
Ser capaz de pôr o relógio a bater ao ritmo que queremos, em
cada fase da nossa vida, é uma condição de liberdade e sabedoria.
GAVB
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