«O adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e
dignidade do homem. Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de
lapidação até à morte. Na Bíblia podemos ler que a mulher adúltera deve ser
punida até à morte.»
Já é suficientemente mau que um juiz desculpe (ao manter a
pena suspensa) que um homem agrida violentamente a sua mulher, com um moca de
pregos, e desvalorize ameaças de morte e o sequestro, mas a argumentação usada
pelo juiz do Tribunal da Relação do Porto para indeferir o recurso do
Ministério Público, no sentido de agravar a pseudo pena do Tribunal de
Felgueiras, é ainda pior.
Para aquele infeliz juiz, a traição resolve-se com pancada
até à morte. Se repararmos bem no «douto» argumentário do juiz da Relação do
Porto, aquela mulher devia dar-se por satisfeita por apenas ter levado com uma
moca de pregos, ser sequestrada e ameaçada de morte, porque o normal seria a
pena de morte, de preferência apedrejada.
Citar os nefastos costumes de outras culturas é de péssimo
gosto, para ser eufemístico.
O que subliminarmente nos diz este juiz? Bom seria
que vivêssemos numa sociedade igual à da Arábia Saudita onde a dignidade da
Mulher é constantemente posta em causa; algo parecido com aquilo que o Estado
Islâmico defende.
Citar a Bíblia? Mas a Bíblia é algum código de leis? O
nosso Estado de Direito não se caracteriza por não ter nenhuma religião
oficial? Desde quando a lei portuguesa é regida pela Bíblia? Estamos no Irão e somos
governados pelos Aiatolás?
A decisão de manter a pena suspensa é polémica, discutível,
mas tecnicamente possível, mas argumentação teria de ser outra, ou seja, ir num
sentido totalmente contrário aquela que o juiz usou.
A sustentação da decisão do juiz não é apenas lamentável,
como também é censurável e devia merecer dos órgãos superiores que
superintendem os juízes uma censura pública, porque aquele acórdão envergonha a
magistratura portuguesa e não é possível o poder da lei estar na mão de gente
que pensa assim.
Se estas declarações fossem proferidas por um governante,
sem qualquer poder de decisão sobre casos desta natureza, estaríamos por certo
a fazer debates, a escrever profundos artigos de reflexão, a marchar numa
qualquer praça portuguesa, exigindo a sua demissão imediata. E com razão o
faríamos. Este juiz vai poder continuar a julgar casos de violência doméstica.
Já todos perceberam qual deve ser a linha de defesa dos arguidos – foram traídos.
GAVB
Sinceramente, custa-me acreditar, que tenhamos gentalha, desta na magistratura, e a ser verdade, mais gentalha existe nos órgãos de "supervisão" para não atuarem em conformidade, com tal imbecil, que nem para juiz de jogos de praia, entre infantários, terá competência, para os devidos efeitos.
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