Mais de 100 dias depois, a verdade técnica sobre os
trágicos acontecimentos de Pedrógão lá apareceu, num relatório extenso e denso,
que descreve circunstanciadamente o que aconteceu, as estruturas que falharam,
mas foge dos nomes como Sócrates das transferências bancárias.
Ao contrário do Primeiro-Ministro, Marcelo Rebelo de Sousa
voltou a Pedrógão para dar a cara pelo Estado Português, junto daquela gente a
quem coube a má sorte de levar com uma estrutura desorganizada da Proteção
Civil. O Presidente da República esperou pacientemente o Relatório, mas até ele
ficou desconsolado com os resultados e com a cobardia do governo em assumir
culpas. “Já Perdemos Todos Tempo De Mais”.
Marcelo personifica perfeitamente o desencanto dos
portugueses com a falta de coragem política dos governantes em assumir as
culpas nas horas difíceis. Se têm legitimidade para colher as rosas, nas horas
dos bons resultados e dos circunstanciais sucessos, como podem eximir-se à responsabilidade
dos comandantes, na hora de tão retumbante falhanço?
Depois desta Verdade cinzenta como o fumo denso que
acolitou a morte naquele dia fatídico de junho passado, tem de surgir a Consequência. Não porque somos um povo vingativo, não porque isso nos trará
qualquer vida de volta, mas porque um Estado de Direito e de Honra assume os
seus falhanços. Em política isso chama-se demissão, senhora ministra Constança
Urbano de Sousa.
GAVB
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