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sábado, 30 de setembro de 2017

LUTA-SE PELA PAZ, MAS NÃO SE MENDIGA A PAZ


A 30 de setembro de 1938, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain dizia aos jornalistas «A resolução do problema da Checoslováquia que agora foi alcançada é, a meu ver, somente o prelúdio de uma decisão mais ampla através da qual a Europa pode encontrar a paz. Esta manhã tive outra conversa com o chanceler alemão, Herr Hitler, e aqui está o documento em que figura o seu nome e o meu. […] Considero que o acordo assinado ontem à noite e o Acordo Naval Anglo-alemão simbolizam o desejo dos nossos dois povos nunca mais entrarem e guerra um com o outro.»
Esta inacreditável inocência prosseguiu, horas mais tarde em Downing Street.
«Esta é a segunda vez na nossa história que a paz volta da Alemanha para Downing Street com honra. Creio que se trata da paz para o nosso tempo. Agradeço-vos do fundo do coração. E agora recomendo-vos que vão para casa e durmam tranquilamente na vossa cama».


Toda a gente sabe o que se passou, na Europa, nos seis anos seguintes, e por isso custa a crer como Chamberlain foi capaz de tanta inocência e ignorância políticas, até porque o Acordo de Munique deu carta-branca ao terrível líder germânico para  absorver a região sudeta, de maioria alemã, na Checoslováquia, apesar de existir uma aliança anterior entre França, Checoslováquia e Reino Unido.

Chamberlain acreditava na palavra de Hitler (como foi possível?!) e julgou que as ambições territoriais deste ao território checo tinham terminado, mas essas promessas revelaram-se falsas em poucos meses: em Março de 1939, Hitler anexou mais território checoslovaco e onze meses depois invadiu a Polónia e precipitou a Segunda Guerra Mundial de que estava tão desejoso.


Nessa altura (1938), este acordo obtido por Chamberlain foi recebido em Londres como uma proeza, mas os meses futuros provaram que fora o engodo perfeito, lançado por Hitler, para apanhar a Grã-Bretanha ainda mais impreparada para a guerra.

Há um provérbio latino – Si vis pacem, para bellum (Se queres a paz, prepara-te para a guerra)  - que encaixa na perfeição naquilo que o primeiro-ministro inglês não fez e devia ter feito.
É meritório, louvável e desejável lutar pela paz, mas isso não pode ser confundido com mendigar paz. A paz é um valor nobre, não se mendiga, conquista-se, impõe-se. Infelizmente, há pessoas, como Hitler, que só conhecem o conceito de paz armada.

GAVB

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