Etiquetas

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

ARRENDAMENTO JOVEM: A PORTA 65 ESTÁ FECHADA PARA JOVENS CASAIS



O jovem que quiser concorrer ao subsídio do estado ao arrendamento jovem tem até segunda-feira para submeter a sua candidatura ao Porta 65 (programa de apoio ao arredamento jovem).

As regras definidas parecem razoáveis; o conceito de jovem está bem definido e foi alargado (até aos 35 nos); as prioridades estão bem estabelecidas (têm prioridade os rendimentos mais baixos); a taxa de esforço (60%) e o limite de rendimento do agregado familiar (quatro salários mínimos) são realistas face à realidade portuguesa e até há especificidades consagradas (grupos de jovens, como por exemplo jovens universitários, podem também concorrer desde que declarem aquela como sua morada permanente, tenham IRS e se comprometam a subarrendá-la) muito positivas.

O problema é outro, mas acabará por inviabilizar o apoio a grande parte dos jovens candidatos, especialmente aos jovens casais com filhos – o teto máximo definido, por lei, para cada tipologia, em cada concelho. Isto é, a lei define quanto pode custar, no máximo, a renda de um T1, T2, T3 ou T4 em Aveiro, Coimbra, Lisboa, Gaia, Porto, Braga… 
Parece um conceito perfeitamente justificado, não fosse dar-se o caso dos tetos serem completamente irrealistas face à realidade atual do arrendamento nas principais cidades portuguesas.

Reparem neste breve quadro referente a um T2 (habitação necessária para um jovem casal com filho(s), onde podemos comparar o teto máximo definido pelo PORTA 65/ renda média.

CIDADE
Renda Média (€)
 Teto máximo (€)
Diferença
Lisboa
1233
730
Mais 503 €
Porto
792
561
Mais 231 €
Faro
951
561
Mais 390 €
V. N. de Gaia
671
561
Mais 115 €
Almada
678
561
Mais 17 €
Oeiras
808
730
Mais 78 €
Braga
480
472
Mais 8 €
Aveiro
525
505
Mais 20 €
Coimbra
465
561
Menos 96 €
Amadora
560
730
Menos 170 €



A partir deste quadro, é fácil concluir que em Lisboa, Porto, Faro e até certo ponto Vila Nova de Gaia, a ajuda estatal ao arrendamento jovem é uma ajudazinha; isto no caso de os jovens conseguirem mesmo encontrar casa, pois a maioria dos imóveis está a ser encaminhado para o arredamento aos turistas ou a jovens universitários, através do arrendamento de quartos.
Para os jovens casais das duas principais cidades portuguesas, a porta da família continua por abrir e este programa de ajuda ao arrendamento jovem parece apenas um programa de boas intenções.
Tenho muita pena que os candidatos às Câmaras do Porto, Lisboa, Faro (especialmente estes) não tenham suscitado o tema, porque o futuro das cidades portuguesas começa nos jovens portuguesas que nelas

querem residir e não apenas nos turistas que ocasionalmente nelas passam férias.

GAVB

Sem comentários:

Enviar um comentário