Cada vez gosto mais de alemães. A maneira como encaram a vida, enfrentando problemas, aceitando desafios e responsabilidades, em vez de esperar que os outros os resolvam, faz-me sempre admirá-los. Não acho que seja genético, mas apenas cultural e mental.
Ontem, pela primeira vez na história do futebol europeu, uma mulher arbitrou um jogo da 1.ª divisão de um importante campeonato europeu. Aconteceu em Berlim, no jogo da terceira jornada entre o o Hertha de Berlim e o Werder Bremen, apitado por Bibiana Steinhaus.
Apitar um jogo de futebol entre homens não é propriamente uma novidade para a senhora Steinhaus, pois já o faz há dez anos, mas nunca com o mediatismo de um jogo da Bundesliga, um dos cinco campeonatos mais importantes na Europa.
Ao que parece Bibiana sempre se deu muito bem em trabalhos historicamente destinados a homens. Além de árbitra de futebol, a alemã também é agente da polícia e por isso está habituadíssima a lidar com a linguagem agressiva dos homens. Apesar disso, ontem à tarde, entre os quase cinquenta mil espectadores que estavam no Estádio Olímpico de Berlim, havia aquele burburinho e curiosidade especiais – “Como é que ela se vai sair?!”. Saiu-se muito bem, tal como já havia acontecido noutras ocasiões com jogos menos mediáticos, porque a Federação Alemã não a escolheu apenas por ser mulher, mas antes de mais pela sua competência técnica, já que um campeonato como o alemão é uma competição tão bem organizada e que envolve tantos milhões de euros que não se pode dar ao luxo de não ser arbitrado pelos melhores.
A secretária-geral da FIFA (também uma mulher… sinal dos tempos) escreveu no seu facebook que a presença de Bibiana em Berlim é “uma mensagem forte para o resto do mundo”, enquanto Bibiana foi bem mais modesta, sem deixar de transmitir também ela uma mensagem importante: “Nunca fiz isto com um objetivo de emancipação. Fiz simplesmente aquilo que amo. Mas se sou exemplo para muitas jovens raparigas, ou uma pioneira para fazer avançar a igualdade de direitos, obviamente, fico satisfeita.”
Há uns anos, Gary Lineker (avançado da seleção inglesa) dizia que o futebol “é um jogo de onze contra onze, em que no final ganha a Alemanha”. Não é sempre verdade, mas é muitas vezes, porque eles não são muito organizados, competentes e não têm medo de inovar, derrubar muros ideológicos e psicológicos, quando se torna evidente que devem ser derrubados.
GAVB
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